VIDA URBANA
Religiosos criticam presença do bispo em protestos
Ironicamente, o bispo que vai às ruas pedir a saída da presidente, enfrenta o pedido de impeachment dentro de sua própria Igreja.
Publicado em 30/08/2015 às 6:30
Dividido, o clero da Paraíba vê dom Aldo como “o bispo que não deu certo”. O ministério dele não é aprovado, assim como suas atitudes. Recentemente, a presença do arcebispo nas manifestações de rua pedindo impeachment da presidente Dilma Rousseff foi vista como uma afronta ao que prega a Igreja. Ironicamente, o bispo que vai às ruas pedir a saída da presidente, enfrenta o pedido de impeachment dentro de sua própria Igreja.
Os padres lamentam o envolvimento de Pagotto em escândalos. “A presença de dom Aldo em manifestações de rua arranha a imagem da Igreja, e isso não é visto. Ele não representa a Igreja nesses e em muitos outros momentos”, declara um dos párocos. Os religiosos esperam de Roma uma solução: a saída de dom Aldo.
Um bispo de decisão forte, que enfrenta as denúncias sem se abalar. É assim que a Arquidiocese da Paraíba descreve dom Aldo Pagotto, que completa 66 anos no próximo dia 16. Há 11 anos na Paraíba, depois de ser bispo em Sobral, no Ceará, ele rebate as denúncias. Afirma que são infundadas e sem lógica. Nega que esteja proibido de ordenar presbíteros e diáconos e diz que o calendário de ordenação segue normalmente. A última aconteceu em dezembro do ano passado, mas a próxima ainda não tem data prevista.
Segundo a Arquidiocese, o arcebispo consulta os conselhos presbiteral e pastoral, mas sua decisão é soberana, conforme preveem as normas da Igreja. As reuniões acontecem normalmente. A última delas, com o conselho pastoral, foi realizada no dia 22 de agosto. É durante essas reuniões que surgem discussões como, por exemplo, a transferência de padres de uma paróquia para outra. O objetivo dessa mudança, explica a Arquidiocese, é para evitar comodismo entre os padres.
Pagotto não esconde que vai às ruas durante as manifestações. Mas diz que o intuito é o de pedir ética e transparência na política. Embora já tenha sido visto ao lado de lideranças políticas durante o tempo em que está na Paraíba, ele afirma que não se envolve com política partidária. Pagotto não vê problema, por exemplo, em “se vestir” com a bandeira do Brasil e se juntar a outros manifestantes que pedem a saída da presidente.
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