VIDA URBANA
Sem colocação no mercado, profissionais buscam saída e novas áreas de atuação
No último trimestre de 2015 a taxa de desemprego no Estado teve um acréscimo de 8,4% em relação a 2014.
Publicado em 20/03/2016 às 13:00
Desemprego em alta e crise econômica. Para enfrentar este cenário, alguns profissionais que estão fora do mercado de trabalho estão migrando de área de atuação. O objetivo é buscar o reposicionamento e, de olho em uma nova profissão, conseguir um meio de se manter atuante e com uma renda fixa. O atual cenário nacional no campo do emprego se reflete na Paraíba. No último trimestre de 2015 a taxa de desemprego no Estado teve um acréscimo de 8,4% em relação ao mesmo período de 2014, isso representou 166 mil pessoas sem ocupação no ano passado. Os dados são da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E quem faz uma graduação buscando fugir dessa estatística, também está vivenciando um momento de dificuldade nas vagas de trabalho.
A comunicóloga Izabel Rodrigues, de 28 anos, mesmo com um currículo repleto de cursos e experiência na área resolveu não aguardar a situação de desemprego se agravar e mudou de área. Embora tenha atuado durante cinco anos em uma web rádio esportiva, passado por estágios em assessoria de imprensa e produção de rádio, além de ter atuado como voluntária na assessoria de imprensa em eventos realizados pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e ter no currículo cursos de inglês e espanhol, como não estava obtendo êxito, resolveu atuar no comércio como vendedora.
Segundo ela, essa foi uma opção devido à falta de oportunidades e por não querer ficar sem uma renda fixa. “A crise atrapalha demais. As ‘torneiras’ fecharam, contratações estão cada vez mais difíceis em todas as áreas. Em tempos de corte de gastos e acumulação de funções, fica difícil ser contratada”, declara Izabel.
De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - seccional Paraíba (ABRH-PB), Angela Medeiros, o principal motivo dessa migração de área de atuação não é só a crise econômica que acontece no país. “Essa taxa de desemprego e migração de área, não é apenas reflexo da crise. A necessidade de remuneração e de estar atuante no mercado de trabalho, leva as pessoas a migrarem para outras áreas”, analisa Angela Medeiros. Ela, contudo, faz uma ressalva: "as pessoas precisam estar bem consigo, é natural buscar pelo sustento aliado à satisfação profissional e pessoal”, destaca.
Conforme Medeiros, um ponto de partida para analisar uma mudança no setor de atuação, é avaliar se é o momento de fazer essa migração. Depois, buscar orientação de pessoas especializadas e aproveitar o máximo suas experiências anteriores para formar um quadro em comparação ao novo ramo.
Foram justamente os passos que Sylvio Fernandes, 44 anos, fez ao decidir sair da profissão de motoboy e dedicar-se à formação na área de marcenaria. “Em outubro eu já percebi que ia complicar. O preço da gasolina subiu, os custos de manutenção da moto subiram, mas taxas de entrega (seu “salário”) não subiram. Teria praticamente que pagar para trabalhar, e não era vantajoso”, afirma o ex-motoboy.
Segundo ele, por indicação de um familiar, ficou sabendo do curso de marcenaria e decidiu encarar o desafio de uma nova profissão. “É um mercado que está em ascensão. Nossos instrutores sempre comentam sobre o crescimento do mercado de móveis projetados”, avalia.
Todo esse processo de migração na área de trabalho deve ser bem pensado, diz Ângela Medeiros. Preparar-se financeiramente - pois talvez o retorno não seja tão rápido quanto se imagina, pesquisar sobre a nova área de atuação, procurar saber como é o dia a dia, prós e contras, vantagens e desvantagens, quais as responsabilidades e dificuldades e analisar possíveis investimentos, são algumas das alternativas para avaliar a nova alternativa de mercado.
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