VIDA URBANA
Série de assaltos a ônibus gera medo
Até 18 de setembro, foram 290 ocorrências de assaltos a ônibus em 2013
Publicado em 29/09/2013 às 8:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:46
Há cerca de um mês que a vendedora Verônica da Silva, 31 anos, decidiu reduzir a quantidade de objetos que transporta dentro da bolsa. Quando sai de casa, ela só guarda no acessório o cartão do vale-transporte, a carteira de identidade e algum dinheiro trocado. O celular novo fica escondido por baixo da blusa.
O motivo de tanto cuidado e medo são os constantes assaltos que vêm ocorrendo dentro de ônibus urbanos em João Pessoa. De 1º de janeiro a 18 de setembro deste ano, foram 290 ocorrências. A média foi de um caso por dia, segundo o presidente da Associação de Empresas de Transportes Coletivos de João Pessoa (AETC-JP), Mário Tourinho. Ele explica que a quantidade é quase o dobro do registrado durante os 12 meses de 2012, quando houve 152 assaltos a ônibus na capital.
Dos 290 casos, 12 ocorreram em menos de 24 horas. A série de assaltos ocorreu no dia 13 de setembro, nos bairros do Centro, Cristo Redentor, Jaguaribe, Bessa, Bancários e Bairro das Indústrias. Os intervalos entre as ocorrências chegaram a 20 minutos.
De acordo com Mário Tourinho, as linhas mais vulneráveis são aquelas que transitam por bairros mais afastados do Centro e que percorrem trechos margeados por matas. Ele conta que esse perfil de coletivos foi escolhido porque facilita a fuga dos criminosos. “Eles (assaltantes) costumam embarcar nos coletivos no Terminal de Integração, que funciona no Varadouro. Fingem ser passageiros e anunciam o assalto quando estão próximos a locais ermos e de fácil fuga”, lamenta Tourinho.
“Eles preferem se esconder em regiões mais próximas de suas próprias casas, porque facilitam a fuga. Como a maioria desses assaltantes mora em comunidades, que possuem muitos becos, ladeiras e saídas, escolhem desembarcar do ônibus nessa área porque fica fácil correr”, completou.
Um levantamento feito pela AETC-JP apontou que os crimes já foram praticados em linhas que cruzam os bairros de Mangabeira, Valentina, Cruz das Armas, Colinas do Sul, Altiplano, Cabo Branco e Bairro São José.
O valor levado pelos assaltantes durante as 290 ações não foi divulgado, mas Tourinho explicou que o prejuízo financeiro não é o principal dano causado pelos bandidos. “O maior prejuízo mesmo é o medo que esse tipo de problema causa entre as pessoas. Os passageiros ficam assustados e ainda existe o transtorno do atraso na viagem. O ônibus assaltado precisa interromper o percurso para fazer a queixa na delegacia e os passageiros são colocados em outro veículo”, explica.
A ação criminosa mais recente aconteceu no último dia 18, quando seis adolescentes renderem os passageiros e funcionários de um ônibus que fazia o trajeto Centro/Mangabeira. Apesar de não portar armas, eles agiram com violência, agrediram duas pessoas e tomaram o dinheiro do cobrador. A ação durou menos de cinco minutos.
Os infratores já estavam se preparando para saltar do coletivo, nas imediações da comunidade São Rafael, no Castelo Branco, quando foram surpreendidos pela polícia. Todos foram apreendidos e levados para a delegacia. Após deter os adolescentes, os militares fizeram uma “varredura” no ônibus.
A ação policial foi comandada pelo capitão da Polícia Militar, Luiz Gomes Barbosa Júnior. Ele explicou que a resposta da polícia foi rápida porque já existia perto do local uma equipe de prontidão. “Essa equipe de militares estava fazendo abordagens a ônibus, justamente para inibir os assaltos. Os trabalhos fazem parte da operação “Cidade Segura”, que funciona todos os dias. Os policiais realizam blitzes em pontos estratégicos da cidade, nos fins de tarde e meados da noite, na tentativa de inibir a ação de criminosos”, acrescentou.
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