Piollin comemora 30 anos encenando “Sarapalha” e “Gaivota”

Duas das montagens mais conhecidas do Grupo Piollin chegam a Bananeiras em comemoração aos 30 anos da trupe.

Ricardo Oliveira, do Jornal da Paraíba

A cidade de Bananeiras recebe nesta sexta (13) e sábado (14) as apresentações do projeto ‘Piollin 30’, com os espetáculos teatrais Vau da Sarapalha e A Gaivota (Alguns Rascunhos), do Piollin Grupo de Teatro.

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Com direção de Luiz Carlos Vasconcelos, baseado no conto Sarapalha, de João Guimarães Rosa, Vau da Sarapalha foi encenado pela primeira vez em 1992 e, de lá pra cá, já realizou mais de mil apresentações. Inevitavelmente, segundo Luiz Carlos, há um esgotamento dos atores diante do espetáculo – que pensaram até mesmo em encerrá-lo.

“Havia esse questionamento, mas no ano passado nós resolvemos voltar ao texto, analisando a peça e repensando até mesmo sua concepção, seu conceito”, comenta Vasconcelos.

Segundo o diretor, o grupo ficou muito feliz com os resultados alcançados nesta nova pausa para pesquisa. As mudanças, se não chegam a ser radicais, buscam mudar detalhes importantes, visando causar mais impacto nos espectadores de hoje.

Luiz Carlos revelou com exclusividade ao JORNAL DA PARAÍBA que um dos trechos de Vau da Sarapalha, no qual os atores Everaldo Pontes e Nanêgo Lira ficavam por longos minutos em completo silêncio, foi transformado em uma nova sequência, em que os atores ficam completamente paralisados, sem ação por pouco mais de um minuto.

“Isso é muito tempo em teatro e o impacto será grande, já que é uma quebra total ao estilo naturalista, mais comum no teatro”, enfatiza o diretor.

Vau da Sarapalha recebeu o prêmio Shell especial em 1993 e até hoje é considerado por estudiosos do teatro como um dos espetáculos brasileiros mais importantes do final do séxulo XX. O desafio, segundo o diretor, é conseguir, a partir das mudanças nos “tempos cênicos”, levar os atores para um novo estado de risco, essencial para o teatro.

Piollin comemora 30 anos encenando "Sarapalha" e "Gaivota"A Gaivota

Baseado no texto de Tchekov, A Gaivota (Alguns Rascunhos) narra a história de um círculo amoroso, que acontece dentro do seio de uma família de artistas. O espetáculo discute em seu conceito as relações entre vida e arte, com elementos metalinguísticos e multimídia.

Depois de passar por mais de 30 cidades brasileiras, Haroldo Rego, diretor do espetáculo, avalia que as mudanças da primeira encenação até hoje são mais do que naturais.

“Pensamos no espetáculo como uma estrutura orgânica, de modo que estivesse aberta para mudanças com o passar do tempo”, comenta o diretor. Ainda segundo Haroldo e Luiz Carlos o projeto Piollin 30, que tem patrocínio da Petrobras, também passará por Monteiro, Campina Grande e pelo eixo Rio-São Paulo.