Piollin leva “Vau da Sarapalha” e “Gaivota” a Monteiro

Grupo faz roteiro pela Paraíba para comemora aniversário de 30 anos, levando a municípios do interior as montagens de "Vau da Sarapalha" e "A Gaivota – alguns rascunhos".

Astier Basílio

Diálogo.  Esse  tem  sido o aspecto mais importante da viagem que o Piollin Grupo  de  Teatro  vem  fazendo  pelo  interior da Paraíba, apresentando os espetáculos  do  repertório  da  companhia, “Vau da Sarapalha” e “A Gaivota (alguns  rascunhos)”,  sempre  abrindo  um debate com a plateia ao final de cada apresentação. Nesta sexta e sábado (20, 21 de março) é a vez da cidade de Monteiro receber o grupo Piollin.

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As  apresentações fazem parte  do  projeto  Piollin 30, que tem patrocínio  da  Petrobras.  Os ingressos serão vendidos a preço popular, R$ 6 (inteira) e R$ 3 (estudante, força  de  trabalho  com crachá  e cliente  com o cartão Petrobras). O espetáculo A gaivota (alguns rascunhos) será  apresentado no Clube Municipal, às 20h30 na sexta-feira (20) e Vau da Sarapalha no Theatro Jansen Filho, às 21h no sábado (21).

“Não importa muito o sentido do que nós quisemos dizer com esta ou  aquela  cena,  o  importante é que o público possa fazer suas leituras, depreender sentidos e completar por si próprio as metáforas do espetáculo”, avaliou  Haroldo  Rego,  diretor  da  peça  A  Gaivota  (alguns rascunhos), montagem  de  um  texto do escritor russo Anton Theckov.

“Utilizamos apenas 25%  do  texto,  mantivemos  o que era essencial”, afirma Haroldo que agora integra  o  Piollin  Grupo de Teatro não mais como diretor convidado e sim, como encenador da companhia.

A Gaivota (alguns rascunhos) estreou em 2006. Integrou a mostra oficial  de  teatro  do  Festival de Curitiba, em 2008, já apresentações em vários  estados,  a  exemplo  de  São Paulo, Rio de Janeiro. A peça conta a  história  de  jovem  escritor  Konstantin  (Thardelly  Lima)  que  se sente abandonado  pela  mãe, a atriz Arkádina (Everaldo Pontes). Para complicar a situação,  um escritor consagrado, Trigorin (Nanego Lira) que era amante de Arkádina,  abandona-a  por  causa de Nina (Ana Luísa Camino), grande paixão não correspondida de Konstantin.

Embora, à primeira vista, o enredo nos leve a crer, “A gaivota” não  é  uma  pessoa  sobre  as relações pessoais e amorosas. Há um conflito entre  o  “novo  e o velho” o tempo todo. A peça tem início com o ator Buda Lira,  que  interpreta  os  personagens  doutor Dorn e o irmão de Arkádina, falando  sobre  remédios.  O espetáculo tem esse aspecto metalinguístico em que  os  atores  entram  em cena não só interpretando seus personagens, mas também mantendo uma relação direta com o público.

Marco no teatro brasileiro, o espetáculo “Vau da Sarapalha”, de 1992,  é  baseado  no  conto  de Guimarães Rosa. Primeiramente, Luiz Carlos Vasconcelos  pensou em realizar um filme contando a história de dois primos confinados  no  sertão  em  meio  a  uma  epidemia de febre.

“Como tinha um cachorro,  como personagem, eu vi aquilo como um problema. Com a maturidade eu  percebi  que  um ator poderia interpretar o cachorro e isso poderia ser para teatro, que era a minha praia”.

Sobre  a  adaptação  do  conto,  Luiz  Carlos informa que houve algumas  modificações.  O  conto,  segundo  o diretor, é uma obra literária perfeita,  mas  sem  muita  mobilidade  teatral.

“No conto a velha Ceição é somente  citada  três  vezes.  Ninguém  sabe  onde  ela está o que ela está fazendo.  Isso foi o nosso gancho. A gente criou uma história para a velha. Ela  lida  com  o  encantamento  e conhecimentos ancestrais e ela no início percebe que vai haver uma separação e tenta impedir. Por isso ela vai de um canto a outro dando uma movimentação ao espetáculo que o conto não tem”. 

O projeto Piollin 30 anos já se apresentou em Bananeiras e na semana que vem visitará a cidade de Campina Grande.