Artes visuais da PB ganham dicionário; livro é lançado amanhã

Paraibanos Dyógenes Chaves lança na quinta-feira (14), na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, o livro ‘Dicionário das Artes Visuais da Paraíba’, em que relata história da arte no Estado.

Astier Basílio
Do Jornal da Paraíba

No Brasil, a Semana de Arte Moderna foi a grande deflagradora da modernidade nas artes plásticas. Influenciados pelas vanguardas europeias, os novos trabalhos causaram verdadeiro frisson no meio artístico, principalmente quando o escritor – e pintor nas horas vagas – Monteiro Lobato espinafrou a artista Anita Malfatti em um artigo furioso.

Essa é a história do modernismo no Brasil, mas quando o modernismo chegou à Paraíba? Quando foi que, aqui na província, as ideias de renovação chegaram aos quadros e às paletas? Quem se dispõe a contar um pouco dessa história é o artista plástico Dyógenes Chaves.

Encontre mais opções de lazer na Agenda Cultural

Na quinta-feira (14), a partir das 20h, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, ele lança Dicionário das Artes Visuais na Paraíba (208 págs., Fundo Municipal de Cultura de João Pessoa/ Edições Linha d’Água). O pacote inclui, além do livro, um CD-Rom. Um site com o mesmo conteúdo também estará no ar, a partir desta quinta-feira.

De acordo com Dyógenes, os primeiros registros de artes plásticas na Paraíba acontecem com o pintor holandês Frans Post, do século 17. “Ele registrou essa faixa toda, não só Recife, onde é mais conhecido por ter vindo com Nassau”, observa o autor do dicionário. “Aqui, só viemos ter um artista 200 anos depois, com Pedro Américo, que foi descoberto por uma expedição científica e foi para o Rio de Janeiro. O que tínhamos, então, eram artistas anônimos”, conta.

Sobre o Modernismo na Paraíba, Dyógenes esclarece que as inquietações estéticas só tiveram lugar na década de 1950, com a ‘Geração 59’. “A única presença da Paraíba no movimento modernista é na literatura, no romance regionalista”, avalia. “Até os anos 1950, o que imperava aqui eram paisagistas e retratistas. Tanto é que os principais pintores da época eram fotógrafos”.

Um episódio muito peculiar é relatado no livro. Na década de 1920, o pintor modernista pernambucano Vicente do Rego Monteiro, ao lado do seu irmão Joaquim, preparou uma mostra coletiva com artistas modernos.

Os trabalhos tiveram uma grande repercussão aqui. Não de adesismos às novas propostas, mas de reação. “Foi organizado o Salão Philipéia, reunindo mais de 100 pintores, todos com telas paisagistas, com quadros sobre o Cabo Branco. O evento contou, inclusive, com a presença do governador”, narra Dyógenes Chaves.
Com a ‘Geração 59’, historia Dyógenes, artistas locais começaram a ir ao Rio de Janeiro e tomar conhecimento do que estava acontecendo. Destacaram-se naquele período nomes como Ivan Freitas, Archidy Picado (o pai) e Raul Córdula.

Distribuído em ordem alfabética, o livro discorre sobre 360 artistas e 30 instituições – de currículos/verbetes de artistas aqui nascidos, ou que aqui vivem ou viveram. A obra vai de Pedro Américo (1843-1905), espécie de pintor oficial do império, até jovem Íris Helena, premiada recentemente com uma menção honrosa no Instituto Tomie Ohtake, e uma das revelações das artes plásticas na Paraíba.