Pela segunda vez consecutiva, a entrega do Jabuti, o mais antigo e cobiçado galardão literário brasileiro, foi alvo de polêmicas e controvérsias.
Nesta edição, que concedeu o troféu cascudo ao poeta Ferreira Gullar e ao escritor Laurentino Gomes, o rebuliço se deu logo após o anúncio oficial da lista de vencedores, divulgada mês passado pela Câmara Brasileira do Livro.
Segundo a comissão julgadora, Alceu Penna e as Garotas do Brasil – Moda e Imprensa: 1933 a 1975 (Amarilys, 352 páginas, R$ 49,00), livro do baiano Gonçalo Júnior, era a melhor biografia do ano, batendo Sérgio Britto – O Teatro e Eu (Tinta Negra, 416 páginas, R$ 65,00), que também concorria na categoria.
Gonçalo Júnior, porém, não saiu da Sala São Paulo, anteontem, com o prêmio de R$ 3 mil concedido a cada um dos vencedores das 29 categorias do Jabuti. Quem voltou para casa com o prêmio foi o dramaturgo Sérgio Britto, autor de suas memórias nos palcos.
De acordo com a organização do Jabuti, Alceu Penna e as Garotas do Brasil não é um texto inédito, critério que qualifica a participação da obra no concurso. De fato, Gonçalo Júnior já havia publicado um texto sobre Penna, arquiteto e designer de moda que foi referência do segmento na década de 1960.
Com tiragem limitadíssima, a edição de 2004 tinha depoimentos da irmã de Penna e era uma versão diferente da atual.
A reportagem tentou, sem êxito, entrar em contato com o autor durante toda a manhã de ontem, por telefone.
Via Facebook, Gonçalo fez o seguinte comentário: "Eu não sabia que pessoas ligadas às artes gráficas e aos quadrinhos tinham feito um twittaço a meu favor por causa do Jabuti. (…) Fico muito honrado e agradecido ao pessoal."
O movimento lembra o ‘Chico, devolve o Jabuti!’, que correu as redes sociais depois que Chico Buarque ganhou o prêmio de melhor livro do ano tendo perdido em sua categoria para Edney Silvestre.
