O desabafo do ex-maestro João Linhares

Ex-maestro da Orquestra Sinfônica falou dos motivos que levaram a sua saída e quais o projetos profissionais a partir de agora.

"Estou saindo numa boa. Continuo apoiando Chico (César) e Ricardo (Coutinho)", disse em entrevista à reportagem o ex-maestro da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB), João Linhares.

Linhares, que teve sua saída anunciada anteontem pela Secretaria de Cultura, assume agora a regência do Coral Vozes da Infância e pretende dar prosseguimento à sua carreira como músico popular, interrompida enquanto empunhava a batuta da OSPB ano passado.

"Quando era maestro não queria dar vazão a esta polêmica de que um músico popular estava à frente de uma orquestra", conta Linhares, que deixou engavetado um CD em processo de pós-produção e com a previsão de ser lançado até o segundo semestre.

"O álbum é uma costura de ritmos novos. Todos os arranjos já estão prontos e só falta eu colocar a voz", explica. "Mas essas coisas levam tempo e não saem da noite para o dia".

DESPEDIDA DA OSPB
Deixando a OSPB, segundo Chico César, após alguns desentendimentos com o quadro de músicos da orquestra, João Linhares afirma que "não há regência sem resistência, assim como não há governo sem oposição".

Em sua visão, o que ocorreu dentro do Cine-Teatro Banguê em 2011 foi algo que faz parte da rotina de qualquer orquestra: "Proibi dois músicos de tocar por questão de indisciplina. O maestro é como um técnico: pode perfeitamente decidir quem vai ao campo e quem fica no banco", justifica João Linhares.

"O que ocorre é que a OSPB é uma orquestra desestruturada em que as pessoas querem agir por conta própria. Você diz que sim 99 vezes e fica marcado por um não. Isso é um retrocesso", desabafa.

Linhares também confessou que se sente injustiçado pelas críticas que sua passagem pela orquestra recebeu da parte dos músicos e da plateia.

"As pessoas se esquecem que peguei a OSPB no pior momento de sua história, depois de 30 anos de esquecimento.

Segurei a batata no momento mais quente, quando tínhamos os piores salários do Brasil e nem Jesus Cristo parecia salvar a orquestra".

Linhares diz que tentou driblar a falta de recursos impondo um ritmo de disciplina e realizando uma temporada que teve como convidados pessoas amigas que se apresentavam "mais por esperança que por dinheiro".

"O que talvez seja uma pena é que, agora que o trabalho esteja se consolidando e as coisas começam a melhorar, escalem uma outra pessoa", conclui o ex-maestro.

A temporada de 2012 da OSPB começa no próximo dia 8 de março, já com o gaúcho Alex Klein à frente da orquestra no Cine-Teatro Banguê.