O imortal Gonzagão

Livro dividido em duas partes, traz apanhado biográfico e mapeamento de todo o trabalho do ‘Rei do Baião’.

A paixão de José Nobre de Medeiros pela obra de Luiz Gonzaga (1912-1989) começou por causa de um anão. Aos 11 anos, em 1954, a curiosidade de garoto por ver o homenzinho tocando triângulo e paramentado de cangaceiro era maior que a cantoria de Gonzagão, que passava pela sua terra natal, Currais dos Corvos, no Rio Grande do Norte.

Radicado na Paraíba e fundador do Museu Fonográfico de Luiz Gonzaga, em Campina Grande, cidade que Gonzaga “denominava como o berço do forró”, Nobre de Medeiros prepara ao longo do ano vários eventos como shows em tributos, concurso de redação promovido pela Academia Campinense de Letras, exposição itinerante e gravação de um disco com canções que o sanfoneiro pernambucano não chegou a gravar.

O colecionador potiguar, junto com o alagoano Antônio Francisco da Costa, produziram Porque o Rei é Imortal! (Páginae Editora, 650 páginas, R$ 50,00), um apanhado biográfico e um mapeamento de toda a musicografia do ‘Rei do Baião’.

O livro já foi lançado no dia do 99º aniversário do ‘Velho Lua’, em dezembro do ano passado. Mas, após o Carnaval, período em que Luiz Gonzaga também está sendo homenageado (confira na página 3), a publicação ganha uma nova edição revisada, que será lançada oficialmente no dia 12 de março, no Teatro Severino Cabral, em Campina Grande.

Porque o Rei é Imortal! é dividido em duas partes: a primeira parte, por Antônio Francisco Costa, consta de artigos biográficos do músico como o nascimento, batismo e infância, além de entrevistas e curiosidades como o boato que os Beatles gravaram “Asa branca” nos anos 1960. A segunda parte, conduzida por José Nobre de Medeiros, é a musicografia de Gonzaga. “Foram oito anos reunindo e organizando o material”, revela o autor.

De acordo com Nobre, foram cerca de 700 músicas. O livro traz a discografia de Gonzagão lançada a partir de 1958: discos em 78 rotações, 10 e 12 polegadas, long play (o popular LP), além de coletâneas com a participação do músico a exemplo de O Canto da Terra, com vários artistas.

“A edição é uma contribuição aos cantores emergentes e à ‘gurizada’ das escolas, repassando o legado para a nova geração”, objetiva Nobre de Medeiros.

De acordo com o autor, o diferencial de Porque o Rei é Imortal! reside em pinçar trabalhos que fez fora da sua gravadora oficial (RCA) e os intérpretes estrangeiros que gravaram as músicas do artista. Entre eles, a band orquestra George Harry, o cubano Leo Marini, a espanhola Ana Belini, a portuguesa Ester de Abreu, e o grego Demis Roussos.

Há também sua filmografia, as músicas mais gravadas (“Asa branca" está presente em 190 discos) e um capítulo sobre virar samba-enredo carioca este ano.