Maestro da Orquestra Tabajara morre no Rio

Aos 95 anos, o maestro Severino Araújo, regente da Orquestra Tabajara, morre no Rio de Janeiro, onde será sepultado neste sábado (4).

O maestro Severino Araújo, regente da Orquestra Tabajara, morreu ontem no Rio de Janeiro de falência de múltiplos órgãos, aos 95 anos. O sepultamento acontece hoje, na capital carioca.

O músico que comandou a big band por mais de 60 anos, apesar de natural da cidade de Limoeiro, em Pernambuco, tem uma trajetória musical intimamente ligada à Paraíba, onde veio morar aos 16 anos, no município de Ingá.

Severino Araújo, que também era compositor e clarinetista, assumiu o comando da Orquestra Tabajara em 1938, quatro anos após o grupo ser criado, aos 21 anos. Ele levou o grupo a ser uma das orquestras mais populares e tradicionais do Brasil.

Fez apresentações em vários países, inclusive na França, Argentina e Uruguai. A Orquestra Tabajara se apresentava em bailes e festas. Também esteve presente em momentos importantes da história da comunicação brasileira, quando, em 1950, esteve presente na inauguração da primeira transmissão da televisão no país.

Cantores famosos como Francisco Alves, Orlando Silva, Déo, Ciro Monteiro e outros foram acompanhados pela orquestra, que teve uma das mais longas existências do país. Entre os recordes da tradicional Orquestra Tabajara está a participação durante seis anos animando o carnaval de João Pessoa e Recife e mais de 30 anos na gravadora Continental.

Para o regente da Metalúrgica Filipeia, Francisco Fernandes Filho, o maestro Chiquito, com a morte de Severino Araújo, o país perde um grande referência musical. “Ele era um dos grandes mestres da música brasileira e é uma referência quando se fala em big band”, declarou.

O músico, compositor e arranjador Eli-Eri Moura destacou que o trabalho do maestro Severino Araújo é emblemático. “Ele tinha um trabalho ligado à música tradicional, ao frevo e ao samba, que influenciou várias gerações. O trabalho dele é um dos mais importantes e inspirou vários músicos e orquestras”, afirmou.

O professor universitário e colecionador de discos da Orquestra Tabajara, Carmélio Reynaldo, também falou sobre a importância o trabalho do maestro. “Severino Araújo é um marco na música brasileira. Sua influência está em que ele concebeu arranjos para orquestra brasileira a partir do samba e do frevo”, declarou.

A última apresentação do maestro e a Orquestra Tabajara, na Paraíba aconteceu em João Pessoa, no ano de 2005. Na ocasião, o grupo participou das comemorações da Festa das Neves na capital. Entre as obras do maestro estão A Tabajara no frevo; Água com açúcar; Brincando com o trombone e Um chorinho delicioso. Severino Araújo deixa também um legado de quatro CDs e 300 discos.

Na Rádio Tabajara, além de dirigir a Orquestra Tabajara, Severino Araújo também foi programador musical e tinha acesso ao grande acervo de discos e partituras com os arranjos das orquestras.

Em 1944, ele passou a morar no Rio de Janeiro, mas o vínculo com a Paraíba não foi esquecido. Em 1985, ganhou o título de cidadão paraibano pela Assembleia Legislativa. A proposição de autoria do então deputado e presidente do Poder Legislativo da Paraíba, Evaldo Gonçalves, partiu de sugestão do pesquisador e compositor Newton Marinho.