Clientes de uma noite suja

Baseado no conto do escritor Antônio Carlos Viana, ‘O Terceiro Velho’, novo curta de Marcus Vilar, começa a ser filmado neste sábado (8).

Uma prostituta se depara com as perversões e carências de três clientes em uma noite. Esse é o argumento do novo curta-metragem de ficção do cineasta paraibano Marcus Vilar, O Terceiro Velho, que começa a ser filmado neste sábado.

O roteiro é uma adaptação do conto O Terceiro Velho da Noite, do escritor sergipano Antônio Carlos Viana, publicado na coletânea Cine Privê (Companhia das Letras). A história ganhará uma versão cinematográfica de 12 minutos ambientada em João Pessoa.

Nos papéis dos três velhos que buscam saciar fantasias bizarras para fugir da solidão estão os veteranos atores paraibanos Zé Dumont, Fernando Teixeira e Buda Lira. Para interpretar a protagonista, Marcus Vilar convocou a atriz Kassandra Brandão, que fará sua estreia no cinema.

“A linguagem do cinema é diferente da linguagem do teatro, que é de onde venho, por isso estou estudando. Cheguei a ir com Marcus à orla da capital observar as meninas trabalhando.

Também assisti a filmes como Baixio das Bestas e Madame Satã, indicados por Nanego (Lira), que é o preparador do elenco”, conta a atriz, que faz parte do grupo Graxa. “O objetivo é fazer uma prostituta sutil, que fuja dos estereótipos do escracho”, antecipa.

O diretor Marcus Vilar reforça a ideia. “Não se trata de violência gratuita. Será um filme que abordará a sexualidade como reflexo de traumas e carências afetivas. Os clientes não querem só sexo, eles querem pagar por algo mais”, afirma.

Fernando Teixeira vive um personagem atordoado pela lembrança de um casamento malogrado. O seu fetiche é ver a prostituta vestida de noiva, sem tocá-la. "O filme aborda o tédio e perversões reprimidas de um velho traumatizado. O Zé (Dumont) e Buda (Lira) chegam a contracenar. Já o meu personagem tem um momento sozinho com a prostituta, no final do curta", revela o ator.

O Terceiro Velho terá locações na zona sul da capital e nas praias de Manaíra, Tambaú e Cabo Branco, áreas que concentram a atuação de prostitutas. A estética sombria da produção será acentuada pelas cores, ou melhor, pela falta delas. “O curta será em preto e branco”, adianta Vilar.

O filme foi viabilizado através de edital da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e da Coordenação de Extensão Cultural (Coex) da UFPB e está previsto para ser lançado em 2013. Paralelo ao projeto, Vilar está editando um documentário sobre o rio Jaguaribe.