O lado negro

Argentino Salvador Sanz fala ao JORNAL DA PARAÍBA sobre seu novo álbum publicado no Brasil ‘Angella della Morte’.

Angela trabalha para os Laboratórios Sibelius. Sua função é bastante peculiar: ela morre, literalmente. Sua consciência é transferida para um corpo à disposição da empresa. De posse da nova forma, ela realiza espionagem industrial, principalmente contra o principal ‘rival’, o Governo Fluo.

Caso ‘morta’ durante as missões, Angela tem apenas 35 minutos para retornar ao seu corpo original, antes que a entidade morte encontre e ‘devore’ a sua alma.

Esse enredo que mistura ficção científica, terror e existencialismo partiu da cabeça e pena de Salvador Sanz, quadrinista argentino que está lançando no Brasil seu segundo álbum, Angella della Morte (Zarabatana Books, 96 páginas, R$ 39,00).

O lado sci-fi da HQ tem seu clímax na lua, onde o parceiro da protagonista – encarnado provisoriamente em um macaco – usa um robô gigantesco para combater a megacorporação inimiga.

“Angela della Morte surgiu na busca de um personagem para desenvolver em diferentes cenários e histórias”, conta o autor ao JORNAL DA PARAÍBA. “Quando me ocorreu que Angela poderia migrar sua alma para corpos diferentes, percebi que tinha uma personagem com muitas histórias para contar”.

Apesar de ser uma história fechada, a série continua sendo publicada na Argentina em capítulos através da revista Fierro, com o segundo arco intitulado Baron Fluo. Provavelmente também será publicado por aqui quando concluído.

“Minha inspiração vem de muitos lugares. Eu sempre fui interessado no gênero horror na literatura e no cinema, mas a música é uma grande influência para mim”, confessa Sanz. “A música se assemelha à escuridão”.

Para seu traço hiper-realista, o autor enumera uma variedade dos artistas consagrados que o inspiram: Moebius, Crepax, Takehiko Inoue, Charles Burns, H. R. Giger, Wayne Barlowe, Frank Frazetta, entre outros. “Eu gosto de muitos autores da Argentina, Europa, Japão e Estados Unidos”.

INVASÃO PLATINA
Atualmente, as prateleiras brasileiras de quadrinhos têm espaço para mais obras ‘hermanas’ que vão além da Mafalda de Quino e das Mulheres Alteradas da Maitena.

Clássicos platinos como O Eternauta e novidades como coletâneas da revista Fierro e o próprio Sanz ganham edições nacionais gradativamente.

Em outubro, Salvador Sanz autografou Angela della Morte na 1ª edição da GibiCon, convenção de quadrinhos que aconteceu em Curitiba. Foi sua segunda vinda ao país. “O Brasil está abrindo a porta para a Argentina de uma maneira genial”, analisa. “Toda vez que estou aí sinto que meu trabalho é muito bem-vindo e autores como Liniers (Macanudo) são conhecidos e respeitados”.