Livro ‘Eu’ ganha edição especial

APL e Sendo lançam na segunda uma edição comemorativa da obra de Augusto dos Anjos.

Emulando o estilo do poeta, pode-se definir como ‘arqueológico’ o trabalho que a Academia Paraibana de Letras (APL), em parceria com o Senado Federal, dedicou à obra de Augusto dos Anjos (1884-1914) durante as homenagens ao centenário do Eu, no ano passado.

O resultado desta arqueologia será conhecido amanhã, em Brasília, quando uma edição comemorativa do livro será lançada no Salão Negro do Congresso Nacional, após uma sessão especial no plenário que celebrará a memória de Ronaldo Cunha Lima (1936-2012).

Da tiragem original de mil exemplares, o JORNAL DA PARAÍBA teve acesso a uma das poucas cópias que chegaram a João Pessoa antes do lançamento local, previsto para o próximo mês, na APL.

Nesta reportagem, o leitor conhecerá em primeira mão as características de uma publicação histórica, que reuniu editores e especialistas na poesia do ‘Paraibano do Século’ em um projeto que reproduz com fidelidade a segunda edição do Eu (o Eu e Outras Poesias, publicado em 1920).

Segundo o coordenador do projeto, o ex-presidente da APL, Gonzaga Rodrigues, a escolha da edição organizada por Órris Soares (1884-1964) foi feita pela proximidade que aquela mantém com "a vontade e o ânimo" de Augusto dos Anjos.

"A primeira edição, lançada por Augusto dos Anjos em junho de 1912, ficou carecendo da poesia que ele produziu durante a sua peregrinação no Rio de Janeiro", explica o acadêmico.

"Órris Soares, que era um homem de grande horizonte cultural e identificação com a poesia de Augusto, percebeu que o livro ia cair no esquecimento e resolveu publicar uma versão completa e antológica, acrescentando 46 poemas à primeira edição", completa Gonzaga Rodrigues.

Para ele, a seleção feita por Órris Soares não seria diferente da que, se não tivesse morrido dois anos depois de publicado o Eu, o próprio Augusto dos Anjos teria feito se dispusesse das condições do amigo, que foi secretário do governador Camillo de Holanda, entre 1916 e 1920.

A fim de conferir maior autenticidade à edição, preservando os seus atributos originais, Gonzaga trabalhou com a consultoria da professora Ângela Bezerra de Castro e do editor Juca Pontes. O design gráfico, que procurou ser fiel à capa e à tipografia utilizada pela Imprensa Oficial da Paraíba, em 1920, ficou a cargo de Milton Nóbrega e sua equipe de profissionais.

A tiragem foi beneficiada por um convênio da APL com a Gráfica do Senado, intermediado pelos senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Cícero Lucena (PSDB-PB), que recebem amanhã a comitiva formada por Gonzaga Rodrigues, o acadêmico Luiz Nunes e o atual presidente da APL, Damião Ramos Cavalcanti.