Na barra da veste feminina

Sarau poético Café em Verso e Prosa, discute questões de gênero nesta terça-feira (12) no Empório Café em João Pessoa.

Hoje todos os homens usarão saia. “Não é uma indumentária que decide o gênero”, afirma atriz Suzy Lopes, explicando o tema desta terça-feira do sarau poético Café em Verso e Prosa, que discutirá questões de androginia. O evento, que acontecerá a partir das 20h, no Empório Café, em João Pessoa, e terá a edição idealizada pelo ator Sávio Farias.

As performances de Homens de Saia- Poesia Andrógina mesclarão música, dança, teatro e versos, tendo sempre espaço para que o público presente participe. A ideia dos realizadores é que todos os homens, intérpretes e participantes, vistam saias para ir ao sarau, que será a indumentária em questão. De acordo com Lopes, o que inspira o evento de hoje é a negação do pensamento de que os gêneros podem ser determinados a partir da vestimenta.

“Esse tema abre possibilidades para discussões”, afirma a organizadora, revelando que as perfomances terão influência do movimento dos Dzi Croquettes, grupo da década de 1970, surgido na contracultura com objetivo de chocar a sociedade com temas relacionados à discussão de gênero. Os Dzi Croquettes revolucionaram os palcos cariocas com espetáculos andróginos.

Sávio Farias afirma que o espetáculo é mais uma brincadeira, discutindo os gêneros de uma forma lúdica. “Vamos nos divertir. A ideia é que todos os homens que forem também vistam saiam e entre nessa com a gente”, afirma. Segundo o idealizador do tema, a androginia estará presente mais nas perfomances, nas interpretações e na identidade visual do projeto do que nos textos poéticos.

Além de Sávio Farias, os atores Flávio Lira, Bertrand Araújo Sousa, Dan Oliveira, Joziel Santos, Kelner Macêdo e Hélder Nobrega apresentarão poemas que abordam a vida, a sexualidade, o corpo, as diferenças e semelhanças dos gêneros.

Dentre as várias performances preparadas para Saia- Poesia Andrógina estão Estrada ou Passeio, texto de Cris Estevão interpretada por Bertrand Araújo Sousa; Tiro a Álvaro, de autoria de Maria Eduarda Gimenes e interpretada por Kelner Macêdo; e Os Tênis Novos de Pântano, escrita por William Muniz, que será interpretada por Flávio Lira. Todos os poemas já foram encenados nas últimas edições do Festival Poesia Encenada, evento realizado pelo Sesc de João Pessoa.

SUPER-8

Durante o evento, também será exibido o curta-metragem Esperando João (1981), de Jomard Muniz de Britto.

O filme, realizado pelo Núcleo de Documentação Cinematográfica (Nudoc-UFPB), foi uma experimentação poética em Super-8 com o objetivo de confrontar e provocar o conservadorismo cultural.

A produção será apresentada também na mostra Cinema e Memória, no CCTA da UFPB, na próxima quinta-feira.