Cineasta paraibano registra o trabalho da construção civil em curta

Diego Benevides lança em São Paulo seu novo trabalho. ‘Cumiêira’ é o quarto trabalho do paraibano.

Pode-se dizer que o termo ‘cumiêira’ é a parte mais alta de uma construção. Quando pedreiros, serventes e mestres de obra concluem um edifício ou casa, acontece na laje a tradicional ‘festa da cumiêira’ pelo trabalho entregue. Essa observação serviu de alicerce para que o cineasta paraibano Diego Benevides coloque a ‘mão na massa’ e edifique sua quarta produção audiovisual, que será lançada em agosto dentro do 26º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.
“A festa é apenas um elemento no filme”, explica o diretor. “A gente traça um paralelo entre os operários e os donos das construções. A intenção é fazer um debate sobre a chegada do topo no ponto de vista desse operário”.

Benevides relembra da famosa canção ‘Cidadão’, composta por Lúcio Barbosa nos anos 1970 e que chegou a ser regravada na voz do paraibano Zé Ramalho. A música fala sobre o preconceito através das diferentes castas sociais: o operário que construiu um edifício não tem acesso ao próprio após seu término.

Acessibilidade também foi um fator importante para o cineasta e sua equipe para fazer Cumiêira. Diego Benevides diz que fez uma espécie de ‘laboratório’ registrando o levantamento de um pequeno prédio de dois andares no Geisel, em João Pessoa, com direito a feijoada na conclusão da obra. Depois, acompanhou a construção de um edifício de luxo com seus nove andares no bairro do Cabo Branco.
Além dos trâmites burocráticos para conseguir permissão de documentar o crescimento de uma edificação, a equipe teve que respeitar o prazo de levantamento do mesmo. “Foi pouco mais de um ano”, afirma o realizador. “Tivemos muitas dificuldades também com o ambiente. Muita poeira, fora o sobe e desce de escadas”.

Fugindo do elemento usual de construir a narrativa com depoimentos, Benevides optou por Cumiêira ser um filme observativo. “É um desafio fazer na montagem com que as imagens e o som prendam o espectador. É uma odisseia muito rápida analisando o tempo do curta-metragem para o tempo real da construção, que é muito longo”.

Além da direção e roteiro de Diego Benevides, Cumiêira tem produção de Ciebele Soares, assistência de direção de Abraão Bahia Lima, fotografia de Luis Barbosa, som direto de Gian Orsini, edição sonora de Guga Guanaes e montagem de Marcelo Coutinho. A Queima, curta anterior do diretor, levou vários prêmios em festivais dentro e fora do país, além de fazer parte por quatro anos da grade de programação do Canal Brasil.