Projeto pretende tornar obrigatória a exibição de filmes locais nos cinemas

Proposta é para que cinemas de João Pessoa disponibilizem uma sessão por semana para os filmes paraibanos.

A fomentação e formação de público para o cinema paraibano acaba de dar mais um passo. Nesta semana, foi apresentado o projeto de lei (PL) n° 056/2015 na Câmara Municipal de João Pessoa, cuja proposta é disponibilizar semanalmente, no mínimo, uma sessão destinada à exibição da produção audiovisual do Estado nas salas de cinema da capital.

“O poder público precisa fomentar e garantir espaço para produção local”, aponta o cineasta Ely Marques. “Medidas como essa para garantir a defesa da nossa identidade cultural são tão importantes quanto as forças armadas atuam na proteção das nossas fronteiras”, compara.

De acordo com o autor da proposta, o vereador Lucas de Brito (DEM), o projeto tramita nas comissões para seguir ao plenário e ter a aprovação ou veto do prefeito Luciano Cartaxo (PSD). A previsão do fechamento desse ciclo será em novembro. “Acho que hoje a gente não tem liberdade de assistir um filme paraibano”, explica o vereador. “A partir da proposta desse mínimo por semana, nós vamos garantir essa liberdade e garantir a nossa cultura”.

Ely Marques discorda sobre quem aponta o projeto de Brito como intervencionista ou estatista. “É normal. No mundo todo existem medidas a proteção do mercado”, afirma o cineasta. “Aqui no Brasil é que a gente não está acostumado a proteger o nosso próprio produto e ainda nos achamos inferiores e incapazes. Isso mina a nossa própria capacidade de produção. Além do mais, é apenas uma única sessão”.

Para Brito, o PL serve para “furar o bloqueio” do monopólio das grandes produções vindas de Hollywood, a exemplo de produções nordestinas como o pernambucano O Som ao Redor (2013), de Kleber Mendonça Filho, que lotou suas sessões quando tardiamente estreou na Paraíba.

“Estrategicamente, os cinemas vão acrescentar esse público local que valoriza a produção paraibana. Talvez, num primeiro momento, essas empresas não enxerguem isso, mas essa veiculação vai mostrar que existe um público”, aponta o democrata.

De acordo com o vereador, o Fórum Audiovisual Paraibano mostra que a produção cinematográfica do Estado, sobretudo de curtas-metragens, ocupa o 3º lugar no país, ficando atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto, segundo Brito, viria a incentivar o escoamento de toda essa produção, que envolve a geração de centenas de empregos diretos e indiretos.

“O audiovisual – cinema e games – engloba as maiores indústrias que mais movimentam dinheiro no mundo”, afirma Ely Marques. “O poder público precisa ter ações para investir, fomentar e atrair investimentos para o setor e, assim, gerar emprego, renda, desenvolvimento e autoestima da nossa identidade cultural”.