História de Anayde Beiriz é encenada em peça e contada em livro

‘Anayde Beiriz: história a ser contada’ estreia no mesmo dia que ‘Panthera de Olhos Dormentes’ ganha nova edição.

Há 2 anos, o diretor Carlos Cartaxo começou a montar o espetáculo Anayde Beiriz: História a ser Contada. Ele não imaginava que a peça iria estrear no mesmo dia em que Anayde Beiriz – Panthera do Olhos Dormentes (Cultura e Arte), livro do qual  José Flávio Silvo se baseou para escrever texto do espetáculo, ganharia uma nova edição.

O espetáculo, que estreia nesta quinta-feira (22), às 19h, no auditório da Funjope, em João Pessoa, retrata o romance vivido entre Anayde Beiriz (1905-1930) e Heriberto Paiva (1906-1978), então estudante de Medicina com quem a poetisa trocou cartas de 1924 a 1926, enquanto ele estudava no Rio de Janeiro. Heriberto Paiva teria sido o  grande e verdadeiro amor de Anayde.

Para retratar a verdadeira história da vida da professora e poetisa, a peça, um monólogo que une poesia, literatura, dança e teatro, mostra como Anayde foi uma mulher à frente do seu tempo, que lutava pelos direitos das mulheres já naquela época.

No entender do diretor Carlos Cartaxo, História a ser Contada busca desvincular Anayde dos fatos em torno da Revolução de 1930 e do moralismo da época que a condenou: “A nossa grande diferença ao contar a história de Anayde Beiriz é que buscamos  dar enfoque à obra e arte da poetisa, e não trazer à tona a imagem que a sociedade impôs a ela na década de 1930, quando  Anayde ficou conhecida como a amante de João Dantas, e que equivocadamente foi contada no  filme Parahyba Mulher Macho (1983)”.

O espetáculo ainda aborda a história do casal Ágaba e Sadi. Em 1923, o rapaz, estudante do Lyceu Paraibano, foi atingindo por um tiro disparado pelo Guarda 33 na Praça João Pessoa, por estar quebrando a norma de limites da moralidade, que proibia alunos do Lyceu se encontrarem com as normalistas naquela praça.

A jovem Anayde, na época, participava de saraus, fazia parte do movimento intelectual e  já costumava questionar essas normas, enfrentando os padrões da época, indignando-se com tragédias como essa.

Na peça, a atriz Georgina Furtado Franca interpreta os seis personagens (Anayde, Heriberto, Ágaba, Sadi, o guarda e a narradora). Para ela, contar a história através das cartas escritas por Anayde traz mais consistência e veracidade ao espetáculo.

“As cartas mostram como Anayde era sensível e falam dos seu sonhos, de com queria viver essa história de amor com Heriberto. O que ela foi, eu vou recriando em cima dos sentimentos e ideias que ela colocava nas cartas”, afirma atriz.

O espetáculo é uma montagem em comemoração aos 30 anos do grupo de teatro Suspensório Produções Artísticas e tem patrocínio do Fundo de Incentivo à Cultura (FIC), Funarte e governo federal.
Em julho, o grupo apresentou o espetáculo em Portugal e na Holanda. Em João Pessoa, pode ser visto hoje e amanhã na Funjope (localizada no antigo clube Cabo Branco, vizinho ao shopping Terceirão, no Centro) e ainda na quinta-feira, sempre às 19h, com entrada gratuita.

História de Anayde Beiriz é encenada em peça e contada em livro

Livro traz conteúdo inédito

O livro Anayde Beiriz – Panthera dos Olhos Dormentes, do médico e escritor Marcus Aranha (morto em 2010) está sendo relançando hoje na Fundação Casa de José Américo (Cabo Branco), às 19h.

A 2ª edição vem comemorar os 10 anos de lançamento da obra e é uma iniciativa de Marcus Aranha Filho. Lançado pela Editora Cultura e Arte, esta edição contém fotos inéditas, respostas de Anayde Beiriz em um caderno de perguntas e respostas de uma colega da escola, além de prefácio do historiador Humberto Fonsêca de Lucena.

O livro conta a história do romance da paraibana Anayde Beiriz com o estudante de medicina que veio a se tornar oficial da marinha, Heriberto Paiva. O autor teve como fonte de pesquisa o diário de Anayde Beiriz intitulado Cartas do Meu Grande Amor – Dolorosas Reminiscências do Sonho Desfeito da Minha Mocidade, autorizado pela família de Anayde.

 As cartas trocadas entre o casal demonstram que o grande amor de Anayde não foi o advogado João Dantas, mas o médico paraibano, a quem ela chamava de “Hery”. Já  o nome “Panthera dos olhos dormentes”, era como amigos de Anayde a chamavam antes dela conhecer Heriberto.

Marcus Aranha  busca, com o livro, contestar a Anayde Beriz retratada no filme Parahyba, mulher macho (1983)  e contar como era a verdadeira personalidade da poeta, que sempre  buscou questionar e enfrentar o conservadorismo de sua época  (Especial para o JP).