Édith Piaf, a porta-voz do hino ao Amor

Neste sábado, é comemorado o centenário de nascimento da cantora francesa Édith Piaf; coletânea com discos, vinil e livro é lançada na data.

A infância paupérrima em meio a prostíbulos e circos ambulantes, a perda precoce de sua única filha pela meningite, a saúde debilitada, os romances frustrados, o vício em álcool e morfina. Em uma de suas últimas apresentações, Édith Piaf, que completaria hoje 100 anos de idade, bradava “non, je ne regrette rien” (“eu não me arrependo de nada”), no teatro Olympia, em Paris, dois anos antes de sua morte.

Nascida na Paris de 1915, filha de um pai acrobata e uma mãe cantora que a abandonou, as probabilidades eram que o desenrolar da vida de Piaf resultaria num futuro desastrosamente perdido ou num exemplo de perseverança.  As chances se juntaram e uma figura mítica foi surgida.
A voz grandiosa, surpreendentemente amplificada por uma mulher petite – apelidada de ‘pardalzinho’ – encantou o mundo com canções como ‘La vie en rose’ (considerada como um hino do amor) e ‘La foule’,  considerada uma das mais tristes de sua carreira.

Em 2003, seis canções inéditas da artista gravadas na Segunda Guerra Mundial foram descobertas nos arquivos da Biblioteca Nacional da França. Desde então, nenhum novo material foi encontrado, porém – em celebração ao centenário da cantora – o selo Warner lançou neste ano um box com 20 CDs e um vinil, além de um livro com nova biografia e imagens.
A coleção intitulada Best Of 100° Anniversaire, com dois CDs cheios de clássicos de Piaf conta com mais de 350 canções remasterizadas a partir de gravações originais, além de ensaios, entrevistas e performances ao vivo.

NO CINEMA
Piaf foi interpretada por Marion Cottilard no longa de Oliver Dahan Piaf – Um Hino do Amor (2007), garantindo à sua conterrânea, dentre outros prêmios, o Oscar de Melhor Atriz e o Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz em Comédia ou Musical.
A voz de Piaf reverberou nos ouvidos de Marion três anos depois no filme A Origem (2010), de Christopher Nolan. Não apenas a canção ‘Non, je ne regrette rien’ era usada como peça-chave no vertiginoso cenário de sonhos dentro do sonhos, como a música foi base para toda a trilha sonora do maestro Hans Zimmer.
A presença da sua voz nos de filmes resultou em cenas marcantes, como o cotidiano melódico-amoroso da animação Wall-E (2008), ao som de ‘La vie en rose’, e o icônico descanso dos soldados em Resgate do Soldado Ryan (1998), ao som de ‘Tu es partout’.

Quatro músicas para apreciar a voz da ‘Pardalzinho’: 

‘Non, je ne regrette rien’

Um dos seus maiores sucessos, a canção só chegou a Piaf pela insistência da dupla Charles Dumont e Michael Vaucaire. Compositores da faixa, os dois tiveram outras músicas rejeitadas pela cantora, e, só em 1959, conseguiram conquistá-la ao apresentar ‘Non, je ne regrette rien’.

‘Hymne à l’amour’

É uma daquelas músicas que nos dão arrepios logo nas primeiras notas que saem dos instrumentos e da voz de Édith Piaf. Escrita pela cantora em homenagem a Marcel Cerdan, boxeador com quem a francesa namorava, a faixa acabou sendo gravada apenas em 1950, meses depois que Cerdan morreu num acidente de avião.

Milord’

Lançada em 1959, a faixa já mostra toda a mistura de força e delicadeza de uma Édith madura. A cantora exibe sua formação teatral na voz e dá um verdadeiro espetáculo de interpretação, nos levando para dentro das cenas que descreve. A música estourou mundialmente em 1960, alcançando o número um nas paradas da Alemanha e da Suécia.

‘La vie en rose’

Para muitos a música mais incrível de Piaf e uma das maiores canção em língua francesa da história, ‘La vie en rose’ foi uma composição antiga da cantora que ficou na gaveta por muito tempo, já que a equipe da artista a considerava “fraca”. A história fez questão de provar o contrário. Inúmeros artistas regravaram a canção, incluindo Louis Armstrong.