Premiado, novo filme de Vladimir Carvalho está em cartaz em JP

Filme conta a vida de um dos maiores símbolos da pintura brasileira.

“O Cícero é uma memória da minha adolescência muito forte”. É assim que o cineasta paraibano Vladimir Carvalho explica a ideia de fazer o documentário ‘Cícero Dias, o compadre de Picasso”, que narra a trajetória do pintor pernambucano, um dos grandes representantes da pintura modernista no Brasil. Premiado na última edição do Festival de Brasília, o longa entrou em cartaz no CinEspaço, em João Pessoa, na última quinta-feira (15).

O novo filme de Carvalho começou a ser produzido oficialmente no ano de 2014, mas tem origem
em 1948 e também passa por 2005. O cineasta conta que quando Cícero Dias voltou da França, onde viveu 10 anos, causou um choque cultural em Recife, durante sua primeira exposição, com as mudança da estética figurativa para o abstracionismo, de influência francesa. A exposição gerou um inclusive um debate interno na família Carvalho, que nunca saiu da cabeça da Vladimir.

“Meu pai saiu de Itabaiana e foi ver essa exposição e voltou encantado com o Cícero. Junto com ele foi um tio meu, reacionário empedernido, quando viu, ele abominou. Essa história, eu tinha 13 para 14 anos, ficou na minha cabeça .Eu assisti essa discussão”, relembrou o cineasta.

Quase 60 anos depois desse momento, o pintor pernambucano voltou a cruzar o caminho de Carvalho. De passagem por Paris, em 2005, o cineasta estava finalizando o documentário ‘O engenho de Zé Lins’, sobre a vida do escritor paraibano José Lins do Rêgo, e ficou sabendo que nas obras de Cícero havia uma frase do conterrâneo. Ele viu de perto pela primeira vez as obras de Cícero, filmou toda a exposição do artista, mas não usou no documentário. “Em 2014 fui rever o material, que estava intacto e comecei a fazer o filme. Fui de novo para Paris, filmei quem faltava entrevistar, filmei o túmulo de Cícero”, relatou Vladimir.

Premiado, novo filme de Vladimir Carvalho está em cartaz em JP
Vladimir guarda na memória a discussão entre o pai e o tio sobre a obra de Cícero Dias (Foto: Cógenes Lira)

Entre outros, o filme conta com depoimentos do ceramista Francisco Brennand e do escritor paraibano Ariano Suassuna. O documentário destaca a relação de Cícero com a cena artística do local, em especial com Pablo Picasso. Vladimir explicou que o subtítulo do filme não é uma licença poética, o artista espanhol é de fato compadre do pernambucano. “ O Picasso batizou, era padrinho da Sylvia, filha do Cícero. O filme não se chama ‘Cícero Dias, o compadre de Picasso à toa, é o chamariz”.

‘O compadre de Picasso’ entrou em cartaz no circuito comercial há pouco mais de um mês. O longa está sendo exibido em cinemas do Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Brasília. Nesta última, o longa também levou os prêmios de roteiro e direção no tradicional festival de cinema da capital federal.

Após ser exibido no Fest Aruanda, na semana passada, o filme estreia em João Pessoa na quinta-feira. Carvalho ressaltou que a exibição na capital paraibana é uma espécie de homenagem ao Estado. “Vim porque é a minha terra, tenho uma relação amorosa com ela, vim homenagear a Paraíba trazendo esse filme”, destacou. ‘Cícero Dias, o compadre de Picasso’ fica em cartaz até o próximo dia 21.