‘Arranha-céu: coragem sem limite’ força a barra: um pouco de limite faria bem

Filme exagera até para os padrões do gênero.

Dwayne Johnson plays a U.S. military veteran framed for setting the world’s tallest building on fire — while his family is trapped in it — in the new movie Skyscraper.
arranha-céu: coragem sem limite
Wayne Johnson em Arranha-céu: não precisa se preocupar que ele resolve qualquer coisa.

RESENHA DA REDAÇÃOARRANHA-CÉU: CORAGEM SEM LIMITE (EUA, 2018, 102 min.)
Direção: Rawson Marshall Thurber
Elenco:  Dwayne Johnson, Neve Campbell, Chin Han, Roland Møller
★★☆☆☆

Você já sabe o que esperar de um filme com The Rock antes mesmo de assisti-lo: explosões, lutas, sequências de ação impossíveis… e todos os critérios são realmente atingidos em Arranha-céu: coragem sem limite (Skyscraper, 2018), que estreia nos cinemas da Paraíba nesta quinta-feira (12).

Na trama, Dwayne Johnson/The Rock interpreta o ex-agente do FBI Will Sawyer, que se aposentou da polícia federal americana após ter a perna amputada em uma explosão dez anos antes dos eventos do filme. Sawyer utiliza os conhecimentos adquiridos no FBI para montar uma empresa de segurança, e é chamado pelo também ex-policial Ben (Pablo Schreiber) para supervisionar o esquema de segurança do prédio mais alto do mundo, o recém-lançado ‘Pérola’, em Hong Kong. Tudo nos conformes, mas apenas até o momento em que um grupo malvadão resolve botar fogo no prédio de 240 andares para roubar o drive do proprietário do Pérola. A família de Sawyer fica presa no edifício e sua missão se divide em resgatar a mulher e os filhos do incêndio e impedir o roubo do drive.

arranha-céu: coragem sem limite
Pôster de Arranha-céu: coragem sem limite viralizou na internet meses antes da estreia do filme.

Para além do roteiro clichê, que soa como uma cópia barata de Duro de matar (1988) – e que em mais de uma vez se utiliza de soluções fáceis e deus ex machina para fazer a trama avançar -, o maior problema de Arranha-céu é que tudo nele é completamente inverossímil. E isso vem desde o pôster de divulgação do filme, que virou piada na internet ao retratar The Rock aparentemente flutuando para conseguir atingir uma janela.

Os personagens são completamente rasos. Os vilões, por exemplo – um típico conjunto de caras malvados com sotaque estrangeiro e uma femme fatale inexpressiva -, têm uma motivação questionável e mal-explicada, que não justifica o trabalho de por o maior prédio do mundo em chamas. A família de Sawyer também não é nada além de uma família indefesa – um peso morto que espera passivamente para ser salvo.

Mais inúteis ainda são os policiais do filme, que não fazem absolutamente nada a não ser correr em círculos e atirar aleatoriamente. Beira o ridículo o momento em que a mulher de Will, Sarah (Neve Campbell) consegue pegar o tablet que controla todo o sistema de segurança do prédio – ou seja, podendo finalmente por fim às chamas – e o policial que está no comando da operação apenas a observa e pergunta o que ela vai fazer com aquilo.

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Os diálogos, por sua vez (principalmente no início do longa) são lerdos e não levam a lugar algum, e só servem para tomar tempo de tela até o momento em que se torna aceitável para um filme sobreviver apenas de tiros e explosões.

As cenas de ação, embora envolventes, coroam a série de impossibilidades de Arranha-céu. Will desafia as leis da Física com saltos impossíveis, força sobre-humana, indestrutibilidade e soluções bizarras nos momentos em que qualquer outro ser humano apenas sentaria e choraria esperando a morte iminente. Ok, é um filme de ação de Hollywood e a gente dá um desconto, mas ficaria um pouco mais verossímil se pudéssemos ver Dwayne Johnson instalando molas nos sapatos ou ativando o Modo Pena em cenas como a que ele fica pendurado apenas por uma corda no 98º andar de um prédio.

Arranha-céu: coragem sem limite
Johnson em cena de Arranha-céu.

Como consequência, não há nunca uma sensação de perigo real em Arranha-céu. Todo o filme parece que foi construído no limite para que Will possa controlar e vencer a situação, e as chamas de computação gráfica jamais ousariam avançar um pouco mais de modo a por em risco a vida do protagonista. Mas isso deve ser apenas minha implicância quanto às suas capacidades… é de The Rock que estamos falando, afinal.

A atuação de Johnson, por sinal, é um dos poucos triunfos do longa, junto com o leve entretenimento provocado pelas cenas de ação uma vez que você se acostuma, desliga o cérebro e resolve relevar os absurdos na tela.

Mas nada disso é suficiente para fazer de Arranha-céu um filme que valha a pena. Porque ele não é bom, mas também não serve nem pra passar o tempo naqueles dias em que só queremos nos divertir com um balde de pipoca do lado: para isso, existem filmes melhores por aí (oi, Duro de matar).