Bibi Ferreira, ‘primeira-dama’ do teatro brasileiro, morre aos 96 anos

Atuando em diferentes áreas, Bibi foi um dos maiores fenômenos artísticos do Brasil.

(Foto: William Aguiar/Divulgação)
Bibi Ferreira, 'primeira-dama' do teatro brasileiro, morre aos 96 anos
(Foto: William Aguiar/Divulgação)

A artista Bibi Ferreira morreu no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (13). A atriz, cantora, apresentadora, diretora e compositora foi um dos maiores fenômenos artísticos do Brasil e tinha 96 anos. A informação foi confirmada pelo empresário Marcos Montenegro.

Segundo a filha, Tina Ferreira, Bibi morreu no início da tarde em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio. A atriz acordou e pediu um copo d’água. A enfermeira que a acompanhava percebeu que o batimento cardíaco estava baixo, chamou um médico, mas não houve tempo para levá-la para o hospital. Bibi deve ser cremada, mas ainda não há informações sobre velório e enterro.

Vida e obra

Abigail Izquierdo Ferreira nasceu em 1º de julho de 1922. Filha de um dos maiores nomes das artes cênicas do Brasil, o ator Procópio Ferreira, e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, Bibi – apelido que ganhou ainda na infância – já estava no palco com apenas 20 dias de vida, no colo da madrinha Abigail Maia, em encenação de “Manhãs de sol”, de Oduvaldo Vianna.

Bibi fez filmes, apresentou programas de TV, gravou discos e dirigiu shows sem nunca abandonar o teatro, uma grande paixão. Foi enredo de escola de samba (Viradouro, em 2003) e teve recentemente a vida e obra contadas em musical escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães e dirigido por Tadeu Aguiar.

Na televisão, em 1960, Bibi inaugurou a TV Excelsior com o programa ao vivo “Brasil 60” (61, 62, 63…, de acordo com o ano), que levou à TV os maiores nomes do teatro. Na mesma emissora, também apresentou o programa “Bibi sempre aos domingos”. Em 1968, estrelou o musical “Bibi ao vivo” – com direção de Eduardo Sidney, o programa era transmitido do auditório da Urca.

Ainda na década de 1960, Bibi estrelaria outros dois dos musicais mais marcantes de sua carreira. O primeiro foi “Minha querida dama” (My fair lady), de Frederich Loewe e Alan Jay Lerner, adaptação de “Pigmaleão”, de George Bernard Shaw, ao lado de Paulo Autran e Jayme Costa.

O outro foi “Alô, Dolly!” (Hello, Dolly!), versão da obra “The matcmaker”, de Thornton Wilder, com Hilton Prado e Lísia Demoro.

Já na década de 1970, Bibi foi o principal nome de “O homem de La Mancha”, musical de Dale Wasserman dirigido por Flávio Rangel e com letras adaptadas para o português por Chico Buarque.

Bibi sempre manteve uma rotina discreta, evitando a exposição de detalhes de sua vida pessoal – raras eram suas aparições em eventos sociais. Segundo amigos mais próximos, quando fora dos palcos, Bibi preferia passar o tempo em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio. Em seus vários casamentos, teve apenas uma filha, Teresa Cristina.