OPINIÃO: ‘Vingadores – Ultimato’ oferece o mesmo prazer de um título de futebol

Para Jamarrí Nogueira, filme ‘é, em uma palavra, ‘imperdível’. Se bem que essa palavra poderia ser ‘inevitável’.

OPINIÃO: ‘Vingadores – Ultimato’ oferece o mesmo prazer de um título de futebol

Fecha esta aba se por agora não tem motivo nenhum (nem desejo) de spoiler. Sim, esse texto contém spoilers! O mais recente longa-metragem da franquia Vingadores é um desses filmes que fazem valer (e muito!) a pipoca pela qual você pagou bem caro. Em pouco mais de três horas de duração – apesar de brechas de roteiro e de algumas personagens (como Hulk, agora civilizado e educado) serem levemente decepcionantes – há uma grande contextualização para facilitar o entendimento do complexo universo Marvel e também a preocupação em referenciar outros filmes da franquia. E quando há ação (!!!) ela é emocionante.

Na fileira de cadeiras atrás de mim, ao fim do filme, uma voz masculina fala baixinho ao vento: “Hora de voltar para a realidade”. O mesmo homem que urrava, berrava e chorava durante a exibição. Assim como ele, muitos outros urraram e choraram na sala de cinema. O filme começa ainda naquele ritmo do final de ‘Guerra infinita’, com metade dos habitantes da Terra mortos pelo titã Thanos. O Homem de Ferro está vagando – juntamente com Nebulosa – em algum lugar do espaço… O Thor está bêbado e barrigudo (o melhor Thor que eu já vi).

60 minutos de apatia

Os primeiros 60 minutos de ‘Vingadores – Ultimato’ são de uma apatia que dá sono. Mas, acredite, é uma apatia a serviço da contextualização. A hora seguinte envolve mais suspense e drama que ação. Cenas que são – algumas vezes – divertidas. A hora final, todavia, destaca aquilo que a plateia mais deseja: ação. Obviamente, o confronto entre dezenas de Vingadores e o Thanos (que apesar do papel vilanesco é digno de divagações filosóficas possíveis…).

Apesar da apatia, um dos momentos mais empolgantes do filme ocorre bem no início, quando a recém-chegada Capitã Marvel e outros heróis armam um ataque surpresa para Thanos, no Jardim. A cena termina com Thanos sendo decapitado por Thor. Mas, esse é apenas o começo do filme… E Thanos não está morto… Outras cenas (e frases de efeito) são marcantes.

O Capitão América enfrentando a ele mesmo durante uma das viagens no tempo é exemplo disso. A volta dos dizimados por Thanos também é interessante. E tem, ainda, a Feiticeira Escarlate quase nocauteando Thanos e um diálogo inesquecível. Ela diz “Você tirou tudo de mim”, a quem Thanos responde “Eu não sei quem é você”. O vilão apanha muito depois de escutar: “Mas você saberá”.

Plateia chora e urra

Uma das cenas mais emocionantes é a disputa entre o Arqueiro e Natasha para saber quem vai morrer em nome de uma das joias, a Joia da Alma. Para conseguir a Joia é necessário deixar a alma de alguém que ama, o que fez com que o Gavião Arqueiro e a Viúva Negra se desentendessem na hora de decidir quem deveria se sacrificar. A cena arranca lágrimas na sala de cinema…

A sororidade reina nesse filme quando todas as heroínas se juntam a Capitã Marvel na guarda pela manopla. Também tem a cena em que o martelo de Thor atende ao chamado do Capitão América. A sala urra neste momento. E urra mais ainda quando Thanos toma outra surra de martelada. Urra quando o Homem-Aranha reaparece (o garoto não foi perdido…). Urra quando a Capitã Marvel nem pisca ao levar uma cabeçada de Thanos e ainda devolve a pancada com maior eficiência. A plateia urra e urra e urra…

Importante que você esteja preparado para assistir a muitas baixas entre o time dos Vingadores. Sabe aquela brincadeirinha do ‘mocinho morre no fim’? Pois é… Heróis do primeiro escalão dão adeus à história (mais uma vez arrancando lágrimas da plateia).

Velório e renascimento

A melhor das cenas fica, claro, para os últimos 30 minutos do filme. Thanos está certo de que é o detentor da manopla e das joias. Com ar de superioridade, ele diz “Eu sou o inevitável”. E estala os dedos. O que acontece em seguida é de fazer urrar mesmo! E cabe ao Homem de Ferro rebater a fala de Thanos… ‘Vingadores – Ultimato’ deixa claro que haverá uma nova leva de heróis substituídos no próximo longa da franquia. O fim, em clima de velório, também tem um clima de renascimento.

Uma sessão de ‘Vingadores – Ultimato’ mais parece um estádio lotado para assistir a uma final de campeonato de futebol. Só que com torcida única! A partida começa morna, melhora na primeira parte do segundo tempo e, lá pelos 35 minutos, registra uma goleada de 7 a 1… O torcedor… Ops!!! O espectador grita, urra, chora e se abraça aos amigos. É a festa da torcida campeã. Após os 45 minutos, nos acréscimos, é só ‘olé’… Amantes do futebol sabem que estou falando. Fãs de Vingadores… sabem mais ainda. ‘Vingadores – Ultimato’ é, em uma palavra, ‘imperdível’. Se bem que essa palavra poderia ser ‘inevitável’.

* Jamarrí Nogueira escreve sobre arte, cultura e comportamento no Jornal da Paraíba aos domingos