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CULTURA

A pedagogia do cordel

Cada vez mais lidos nas escolas, folhetos de literatura popular se modernizam e levantam polêmicas quanto ao seu uso educacional.

Publicado em 14/04/2013 às 9:10


Esta semana, a Câmara de Vereadores de Mari (a 60 quilômetros de João Pessoa, na Zona da Mata paraibana) aprovou um projeto de lei que inclui a literatura de cordel na grade curricular da rede de ensino do município.

O projeto é um dos muitos exemplos da crescente valorização cultural que os folhetos coloridos, de popularidade incontestável, estão obtendo atualmente no Brasil.

Antes relegados às cestas de vime e aos varais das bancas de feira popular, esmaecendo, como seus autores, embaixo de um sol causticante, as obras de cordel estão se modernizando e se tornando ferramentas pedagógicas bastante utilizadas pelos educadores.

Mas até que ponto estas mudanças estão descaracterizando uma literatura que se nutriu de tradições cada vez mais distantes e esquecidas? Como os cordelistas estão se comportando diante de uma realidade em que o papel, o mais perene veículo do saber humano, tornou-se um material em franco desuso?

Perseguindo estas questões, a reportagem do JORNAL DA PARAÍBA consultou autores e pesquisadores da literatura do cordel e revela, nesta reportagem, um contexto que tem levado sua leitura a novos territórios e a novos públicos.

Leitores que, na opinião de Manoel Monteiro, um dos maiores cordelistas da atualidade, estão inseridos na era digital e já não são seduzidos tão facilmente.

"O cordel era o entretenimento das massas populares nas periferias das cidades e nas fazendas, mas hoje ele perdeu este público, que também já está envolvido com as novas mídias", observa Monteiro, que é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

Segundo ele, a penetração dos folhetos nas escolas fez com que o cordel ganhasse evidência e chamasse a atenção de editoras de grande porte, que passaram a imprimir as obras a fim de serem adotadas nas escolas.

"Nunca o cordel esteve tão em evidência quanto agora. Antigamente, jamais poderíamos imaginar que as editoras ligariam para os autores pedindo cordéis", garante Manoel Monteiro, que narra a impressão que teve quando a Editora Scipione propôs para ele a adaptação do romance A Espanhola Inglesa (1613), de Miguel de Cervantes (1547-1616), para o formato.

"Eu pensei que eles estivessem brincando", lembra o pernambucano radicado na Paraíba desde a infância. O livro foi publicado em 2008, com ilustrações do artista plástico conterrâneo Jô Oliveira, e desde então é largamente aplicado como material paradidático voltado para jovens de 13 e 14 anos, idade na qual geralmente estão matriculados no 8º e 9º ano do Ensino Fundamental.

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Jornal da Paraíba

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