CULTURA
Cartilha musical de Adnet
Cantora e compositora Antonia Adnet lança seu novo CD 'Pra Dizer Sim' pela Universal Music.
Publicado em 21/06/2012 às 6:00
Na infância, Antonia Adnet tinha passe livre da mãe para matar aula: "Ela me ligava na escola chamando para o estúdio. Eu sentava em um sofazinho, ficava ouvindo os naipes dos instrumentos e saía de lá me sentindo uma pessoa melhor".
Com um professor como o pai, Mario Adnet, a educação musical não poderia ter dado errado: aos 27 anos, a jovem cantora e compositora acaba de sair do estúdio com seu segundo CD, Pra Dizer Sim (Universal Music, R$ 29,90).
O registro mostra a cartilha que ela decorou na infância e hoje recita com veteranos como Lenine e Joyce Moreno, que participam do álbum.
"Minhas primeiras lembranças de criancinha são dentro de estúdio e de casas de show", conta Antonia. "Sempre tive o violão à disposição em casa e tive a sorte de encontrá-lo como instrumento muito cedo, já aos seis anos de idade".
Todas as composições do disco foram, segundo ela, dedilhadas ao violão, cujas cordas se afinam com as do pai em 'Trote da raposa', faixa que finaliza do CD com uma composição de quando o violonista contava apenas 17 anos.
"Quando eu estava próximo desta idade pedi para ele me ensinar a tocar. Era o que eu sabia de mais difícil e por sinal, o que eu toquei na minha prova específica do vestibular", confessa a arranjadora formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
O 'Trote da raposa' se comunica por acaso com 'Boogie woogie do rato', um achado da década de 1940, fruto das pesquisas de Antonia Adnet em torno da carreira do compositor Denis Brean.
"Esta música foi gravada pela dupla Joel & Gaúcho em 1947 e está em um disco do meu pai que infelizmente só saiu nos EUA: Samba Meets Boogie Woogie (2008). Em um show no Rio de Janeiro, ele pediu a mim e ao Pedro Miranda para que cantássemos esta canção e achamos na hora que ela tinha que ser regravada".
Pedro Miranda é vizinho de prédio de Antonia e foi a escolha natural para um dueto no qual ela mostra competência em se apropriar do cancioneiro de uma época representada também pelo vulto de Moacir Santos, que paira em outra faixa instrumental: 'Nana'.
"Moacir é um capítulo à parte para mim. Minha vida se divide em dois tempos: antes e depois dele", exalta a artista, que conheceu o maestro pernambucano durante as sessões de gravação do CD duplo Ouro Negro (2001), produzido por Zé Nogueira e Mário Adnet.
"Lembro do meu pai colocando pautas na mão de Moacir e dele escrevendo os choros de memória". A impressão ficou cravada na mente da moça, que gravou seu primeiro choro de Moacir no CD Discreta (2010), com o qual estreou na música.
Empenhada e versátil, como o pai, Antonia Adnet não se limita a um único projeto: atualmente, toca na banda de Roberta Sá e está viajando com a parceira na turnê de Segunda Pele (2012).
Na próxima terça-feira, sobe ao palco da Sala São Paulo, na capital paulista, para participar de um concerto na companhia de Sá, Vicente Nuti (filho de Cláudio Nuti) e Mônica Salmaso.
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