Com termômetro quebrado

Deixando de ser prévia do Oscar a cada ano que passa, neste domingo serão conhecidos os vencedores da 70º edição do Globo de Ouro, que premia o melhor do cinema e TV na opinião da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês). No Brasil, a cerimônia será transmitida pelo canal fechado TNT, a partir das 21h, com o tradicional tapete vermelho.

Como no Oscar, o líder de indicações é o drama histórico Lincoln, sobre o 16º presidente norte-americano e seu envolvimento na Guerra de Secessão. O filme concorre em sete categorias, incluindo Melhor Filme - Drama, Direção (Steven Spielberg) e Ator (Day-Lewis).

No encalço de Lincoln vem Argo, de Ben Affleck, sobre americanos tentando escapar do Irã em meio a crise política de 1979, e Django Livre, faroeste de Quentin Tarantino sobre um ex-escravo que vai resgatar a mulher de um cruel fazendeiro sulista. Ambos concorrem a cinco prêmios cada.

Correndo por fora está As Aventuras de Pi, de Ang Lee, sobre um indiano náufrago em alto-mar na companhia de um tigre de bengala, e o thriller político A Hora Mais Escura, dirigido pela Kathryn Bigelow, sobre a caça a Bin Laden. Os cinco citados concorrem tanto como Melhor Filme - Drama, como na categoria de direção.

Este ano, interessante notar a ausência de Indomável Sonhadora, drama fantasioso que ganhou quatro indicações pela Academia: Filme, Diretor (Benh Zeitlin), Roteiro e Atriz para a estreante mirim Quvenzhané Wallis. Outra curiosidade é o sucesso francês Intocáveis, ignorado pelo Oscar, mas lembrado pelo Globo.

Os destaques de Melhor Filme - Comédia ou Musical são O Lado Bom da Vida, que mostra um professor reconstruindo sua vida após passar meses em instituição psiquiátrica; Moonrise Kingdom, a fábula de amor infantil de Wes Anderson; e a adaptação da obra de Victor Hugo Os Miseráveis, único musical da lista.

A homenageada desta edição com o prêmio Cecil B. DeMille será Jodie Foster, atriz e diretora que já ganhou o Globo de Ouro pelas interpretações em Acusados (1989) e O Silêncio dos Inocentes (1992).

GLOBO X OSCAR
Com apenas quatro acertos nos últimos dez anos em relação aos indicados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o Globo de Ouro vem perdendo o status de ‘termômetro’ do Oscar.

Nos últimos três anos, a Academia passou longe das decisões da HFPA. Trocou Avatar por Guerra ao Terror, em 2009; A Rede Social por O Discurso do Rei, em 2010. Só acertou com O Artista, na última edição, por causa da divisão da categoria principal.

Vale ressaltar que os vencedores do Oscar são escolhidos pelos membros da Academia, que compreende o corpo criativo e técnico de Hollywood de quase 6 mil pessoas. Já o Globo é realizado através do corpo de críticos estrangeiros, que tem cerca de 90 votantes.