Daytripper é a primeira série do selo adulto Vertigo

Brás de Oliva Domingos almeja em ser como o seu pai, um escritor de sucesso internacional. Infelizmente, ele só consegue viver à sombra paterna, escrevendo obituários em um jornal.

Descontente com o emprego, Brás vive as alegrias e tristezas de uma vida onde as unicas constantes são a fragilidade da vida e a eminência de que cada dia pode ser o último de sua passagem terrena, como os personagens que traça seus derradeiros perfis no jornal.

Lançado originalmente em dez capítulos mensais nos Estados Unidos, Daytripper (Panini, 256 páginas, R$ 62,00) é a primeira série do selo adulto Vertigo a ser roteirizada por brasileiros, no caso os gêmeos paulistanos Gabriel Bá e Fábio Moon. A HQ sai no Brasil em forma de encadernado de luxo, com direito a capa dura, papel couchê de alta gramatura e vários extras.

A série liderou listas de best-sellers na terra do Tio Sam e ganhou os principais prêmios da indústria quadrinística: o Eisner e o Eagle.

"A ideia surgiu no banho, nessa possibilidade de a morte chegar a qualquer momento, sem um motivo, sem razão nenhuma, sem heroísmo", chegou a declarar Bá para o site Universo HQ. "Isso foi em 2001, 2002, muito antes de qualquer coisa, em outro tempo, e ficou parada até 2006, quando começamos a discutir nossas ideias para ver quais eram boas para propor para a Vertigo."

Segundo Moon, quando pediram ideias sobre uma nova série, os editores enfatizaram que buscavam o tipo de história que eles contavam quando faziam fanzines e álbuns como Os Dez Pãezinhos, um 'realismo fantástico' tipicamente brasileiro.

Não é à toa que Daytripper tem um protagonista chamado Brás, remetendo ao famoso romance de Machado de Assis (1839-1908). "O nome do Brás tem relação direta com Brás Cubas, assim como seria um nome que um apaixonado por literatura daria a seu filho", observa Bá.

"Os livros do Saramago, Ensaio sobre a Cegueira e Intermitências da Morte, principalmente, também influenciaram muito essa escolha por contar algo totalmente corriqueiro com um elemento surreal e ver para onde a história nos leva."

GRUPO SELETO
Recentemente foi divulgado que a obra está no livro 1001 Quadrinhos para Ler Antes de Morrer (1001 Comics to Read Before You Die), do crítico de HQs Paul Gravett e publicado mês passado nos Estados Unidos e na Inglaterra.

Gravett reuniu uma equipe de representantes de várias partes do mundo para montar uma lista também internacional de recomendações, inclusive no Brasil.

A relação verde-amarela na publicação foi indicada pelo crítico Carlos Eugênio Baptista, mais conhecido como Carlos Patati, autor do Almanaque dos Quadrinhos.

Estão na lista a famigerada Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa, Sábados dos Meus Amores, de Marcello Quintanilha, Piratas do Tietê, de Laerte, e O Dobro de Cinco, de Lourenço Mutarelli.