CULTURA
Livro que inspirou filme de Alfred Hitchcock faz 100 anos
Levado às telas em 1935, thriller de espionagem 'Os 39 Degraus' ganha reedição bilíngue.
Publicado em 20/09/2015 às 8:00
Thriller de espionagem que daria origem a um dos melhores filmes da fase inglesa de Alfred Hitchcock (1899-1980), e ainda inspirar os livros protagonizados pelo agente James Bond, Os 39 Degraus chega aos 100 anos. A data é celebrada, no Brasil, com uma reedição da obra de John Buchan (1875-1940), bilíngue, pela editora Landmark.
Até 1915, quando o livro foi lançado, o escocês John Buchan - o 1º Barão Tweedsmuir - já havia se formado em Direito, tornara-se político e assumiria um alto posto diplomático na África do Sul. Durante a 1ª Guerra Mundial, foi correspondente do jornal The Times na França e escrevia para o Departamento de Propaganda da Guerra.
Essa bagagem é descarregada em Os 39 Degraus. Ambientado pouco antes da 1ª Grande Guerra e inspirado em um amigo sul-africano do autor, a obra narra a história do homem comum que esbarra em um espião, que lhe passa um segredo capaz de colocar a segurança do mundo em risco.
O cidadão comum é Richard Hannay, engenheiro de minas sul-africano que reclama da sua entediante vida de playboy quando topa com um vizinho, que lhe conta um segredo digno de cinema. De posse dessas informações, Hannay se torna um homem em fuga, amarrado a uma trama que envolve uma organização super secreta, e mortal.
Hitchcock partiu da mesma premissa, mas tomou outros caminhos e mudou personagens, mantendo a narrativa enxuta e eletrizante, aspectos que tornariam o livro um dos mais influentes do período.
Reza a lenda que, de acordo com o filho do autor, Buchan ficara bastante impressionado com o filme de Hitch, apesar de diferente do livro.
Além do filme de 1935, Os 39 Degraus teve outras três adaptações (a mais recente, de 2008), todas inferiores ao filme de Hithcock e ao livro.
Leia um trecho de 'Os 39 Degraus' (Landmark, 168 págs., capa dura, R$ 29,90)
Um sorriso cintilou em seu rosto cansado. “Não estou louco... ainda. Ora,meu senhor, eu o tenho observado e o considero um indivíduo frio. Considero, aliás, que é um homem honesto e sem medo de encarar um jogo duro. Vou confiar em você. Preciso de ajuda mais do que qualquer um já precisou, e quero saber se posso contar com o senhor.”
“Prossiga com sua história”, disse eu, “e lhe direi.”
Ele pareceu preparar-se para um grande esforço, e então começou com a ladainha mais esquisita. Eu não compreendi bem a princípio, e tive que parar e lhe fazer perguntas. Mas aqui está o resumo do caso: Ele era americano, do Kentucky, e depois da faculdade, desejando sair de lá, tinha partido para ver o mundo. Escreveu um pouco, trabalhou como correspondente de guerra para um jornal de Chicago, e passou um ano ou dois nos Bálcãs.
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