CULTURA
Luísa de cara nova
Maria Adelaide Amaral lança a quarta edição do sue primeiro romance e revela os próximos projetos no teatro e na televisão.
Publicado em 07/07/2013 às 10:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:20
Relacionamentos amorosos, descobertas, inconformismo, movimentos políticos, exílio e prisão. Estas são apenas algumas das características que podem descrever o livro Luísa (Quase Uma História de Amor) (Globo Livros, 272 págs., R$ 35,00), de Maria Adelaide Amaral. A obra, lançada originalmente em 1986 e vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura, ganha sua quarta edição com um conteúdo tão atual como quando foi escrita.
O livro, romance de estreia de Maria Adelaide Amaral, conta a história de Luísa a partir do ponto de vista de cinco personagens fundamentais na vida da protagonista. Os acontecimentos são narrados pela melhor amiga, o melhor amigo, o apaixonado platônico, o amante e o marido. Os diferentes posicionamentos auxiliam na construção e descoberta da personalidade de Luísa.
Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, a roteirista, dramaturga e escritora contou que a história se enquadra no momento sociopolítico que o Brasil está vivendo. “O conteúdo continua atual, vivo, principalmente por causa dos recentes protestos, já que o romance se ambienta de 1979 a 1984, tendo como plano de fundo essa inquietação e a conotação política é reflexo do que eu mesma vivi naquela época”, revela.
Além disso, ela afirma que o romance é semelhante ao de qualquer pessoa. “Todas as histórias de amor são muito diferentes e muito semelhantes nas suas expectativas, nos seus desejos, nas suas frustrações e nos seus desenganos”, destaca a escritora.
Natural de Alfena, Portugal, Maria Adelaide migrou com a família para São Paulo aos 12 anos. Quando começou a trabalhar, integrou a equipe do Grupo Abril, tornou-se dramaturga e no lançamento de Luísa já havia recebido três prêmios em reconhecimento de suas peças.
O início de suas produções para o teatro aconteceu em 1975 com o texto 'A Resistência'. No entanto, a primeira encenação foi com 'Bodas de Papel', montado em 1978 e apresentado em São Paulo.
Antes de terminar de escrever Luísa (Quase Uma História de Amor) - a obra começou a ser produzida em 1979, mas só foi concluída em 1986 -, a escritora adaptou o terceiro capítulo do livro para o teatro.
Intitulada De Braços Abertos, a peça, que teve a participação de Irene Ravache e Juca de Oliveira, recebeu diversos prêmios e foi responsável por projetar o nome de Maria Adelaide.
“Escrevi três capítulos do livro em 1979, mas não tinha tempo para terminar de escrever. Em 1984, a pedido de Irene Ravache, fiz uma peça baseada no terceiro capítulo do livro e quando vi encenada, percebi que precisava terminá-lo”, revela.
No ano que vem, em comemoração à primeira encenação da peça, será montado um espetáculo, intitulado Um Homem e Uma Mulher, que mostra Sérgio e Luísa 30 anos depois da história retratada no livro e apresentada em De Braços Abertos.
MAYANA NEIVA
Além de se preparar para um novo espetáculo, a autora atualmente está no ar com a novela Sangue Bom (Rede Globo), escrita por ela em parceria com Vicent Villari. O elenco tem a participação da atriz paraibana Mayana Neiva, que interpreta a personagem Charlene de Souza. A relação profissional entre a atriz e a escritora teve início em 2008, quando a paraibana atuou na minissérie Queridos Amigos, baseada no livro Aos Meus Amigos (1992) escrito por Adelaide Amaral.
“Adoro a Mayana, não apenas por ela ser um doce de criatura, toda linda por dentro e por fora, mas porque ela é muito talentosa.
Mayana é uma querida amiga, uma grande atriz e as pessoas a adoram”, comenta a dramaturga.
Com uma agenda atribulada e sem possibilidade de conciliar teatro, literatura e novelas, Maria Adelaide planeja para o próximo ano o lançamento de duas peças. Além da vida de Sérgio e Luísa, a outra montagem - prevista para estrear em março de 2014 - abordará a vida da pintora mexicana Frida Kahlo.
Em relação aos livros, Maria Adelaide confessa que está cada vez mais difícil conciliar a produção com as outras atividades que exerce. “Não sei escrever um romance em três, quatro meses, porque ele exige muito mais que televisão e teatro, por isso vivo comentando que escreverei quando envelhecer, mas já estou ficando velha e continuo com o mesmo ritmo frenético de trabalho”, conta, aos risos.
Além disso, a autora está na expectativa para a produção de uma minissérie que ainda está no projeto, mas a pretensão é fugir do eixo Sul-Sudeste e apresentar aspectos da história do Nordeste. “Tenho um carinho enorme pela Paraíba e pelo Nordeste, então já está passando da hora de produzirmos algo relacionado à história dos nordestinos”, confessa.
Maria Adelaide revela que o foco da minissérie seria a vida do conde Maurício de Nassau. “Não sei como nem quando estreará, mas a pesquisa já está pronta e há uns sete anos, luto para colocar o projeto na televisão. Como o orçamento de produções de época é altíssimo, ainda não tenho previsão, apenas torço para que dessa vez dê certo”, confessa.
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