CULTURA
Metacrose: estreia de peso
O tenebroso Zé do Caixão, a mundialmente famosa Blind Guardian e um ex-integrante da OSJP se encontram no debut da banda.
Publicado em 02/02/2014 às 6:00 | Atualizado em 20/06/2023 às 11:59
O tenebroso Zé do Caixão, a mundialmente famosa Blind Guardian e um ex-integrante da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba se encontram em um disco de death metal produzido em João Pessoa. Esse improvável caldeirão resultou no – ótimo – disco de estreia da banda Metacrose.
Formada em 1998 pelos então adolescentes Vinícius Laurindo (vocal), DeathMetrius (bateria), Israel Rêmora (guitarra) e Thiago Bandeira (guitarra), o grupo seguiu por 15 anos até que pudesse, enfim, botar na rua InTERRORgate, disco de estreia com dez faixas autorais, gravadas entre os estúdios 1404 Studios, H2 Studios e Peixe Boi.
A demora para o disco sair, conta Israel, foi puramente financeira. “Queríamos gravar um disco com o melhor som que a gente pudesse encontrar”, comenta o guitarrista. Gravação, mixagem, masterização, prensagem e distribuição, entre outros quesitos, não saíram por menos de R$ 10 mil, custo bancado pelos próprios integrantes, hoje professor, advogado, funcionário público e até PM (o baixista Marcos Meireles, que se juntou ao grupo em 2010).
“Boa parte das letras se deve ao fato de eu ser da área de Filosofia", comenta Vinicius, que também dá aulas de alemão. "Tentamos fazer com que quem escute nossas músicas também reflita sobre nossos problemas essenciais, as necessidades do dia a dia ou mesmo questões mais abstratas”.
O som do quinteto paraibano é farto em solos de guitarra, baixo e baterias cavalares e um vocal gutural de provocar pesadelos, mas o death metal (subgênero do heavy-metal de temática mórbida e violenta) da rapaziada vai além do trivial. Ao som pesado, eles adicionam uma certa característica regionalista e tentam subverter a métrica do gênero, além de injetarem elegantes arranjos sinfônicos – cortesia do violão clássico de Thiago e da participação do violoncelista Thomaz Rodrigues, ex-integrante da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba.
“No meio do heavy metal, a gente faz uma quebra e bota um baião mais acelerado. Nessa parte a gente quis colocar um pife”, revela Israel, lamentando que não conseguiram um pife, mas conseguiram a flauta apurada de Nívea Maria (integrante da Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste) em faixas como ‘How can I know who I am?’ e nas instrumentais ‘Interiorem’ e ‘Exteriorem’.
De uma homenagem aos 50 anos do célebre Zé do Caixão, personagem mais famoso do cineasta José Mojica Marins, surgiu a ideia de ter o próprio Zé do Caixão na faixa. E como quem não arrisca, não petisca, o grupo conseguiu com que Mojica incorporasse o personagem e recitasse trecho da letra ‘Zé do caixão’, a única em português no disco. A gravação foi feita em São Paulo e mixada em João Pessoa.
A banda alemã Blind Guardian é influência declarada do Metacrose. Por um desses acasos do destino, o guitarrista alemão Marcus Siepen achou de namorar uma paraibana e começou a frequentar João Pessoa alguns anos atrás. Foi na passagem do músico pela cidade, no ano passado, que os paraibanos conseguiram levá-lo até o estúdio para gravar o solo que está na citada ‘How can I know who I am?’
InTERRORgate foi disponibilizado em todas as lojas virtuais (iTunes, Google PLay etc.) e também em CD, com encarte de luxo. Nele, os cinco integrantes aparecem em quadrinhos de ação retratados pelo desenhista Edi Guedes (com cores de Alisson Ricardo, ambos do Rascunho Estúdio). O projeto, assim como trechos das músicas, podem ser conhecidos pelo site www.metacrose.com.
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