CULTURA
O Oriente aos olhos de um estrangeiro
Em cartaz até 25 de novembro, mostra fotográfica 'Se Oriente' de Rodolfo Athayde, será aberta nesta terça-feira (25) na Estação das Artes.
Publicado em 25/09/2012 às 6:00
A alteridade sempre foi um tema fascinante para Rodolfo Athayde: "Qualquer que seja o 'outro', ele sempre me instiga. Saio daqui para ali e já começo a buscá-lo", conta o artista plástico que apresenta hoje, às 19h, na Estação das Artes, em João Pessoa, a mostra fotográfica Se Oriente.
Em cartaz até 25 de novembro, a individual reúne 22 imagens feitas pelas lentes de Athayde em duas viagens que realizou ao outro lado do meridiano, quando conheceu a Turquia, ano passado, e os Emirados Árabes, este ano.
Em vez das paisagens e monumentos clicados pelo viajante convencional, Rodolfo Athayde gosta de mirar o desconhecido expresso na fisionomia de anônimos que encontra nas ruas das metrópoles de cada país.
São eles que aparecem nas fotos impressas em um suporte efêmero: o dos adesivos, colados em superfícies instaladas nos corredores da Estação das Artes, a partir desta terça.
Segundo o artista, o suporte foi escolhido propositalmente, em uma época na qual é largamente utilizado por políticos em suas campanhas eleitorais.
A relação do conteúdo exposto com a política não se limita, entretanto, ao contexto nacional, atravessando as fronteiras em mais um período no qual a questão do oriente coloca a comunidade internacional em alerta.
"O título da exposição é irônico, mas também é provocativo: nós, o Ocidente, somos o Oriente de lá", afirma Rodolfo Athayde, revelando o relativismo de sua perspectiva cultural.
"Estar cercado da exuberância e dos contrastes de Istambul e Dubai me deu uma vontade enorme de mostrar aos meus amigos estes anônimos, suas indumentárias e a dinâmica de seus gestos, que parecem que se desenham em uma velocidade diferente", sublinha.
Descrevendo seu processo de trabalho, Athayde diz andar pelas ruas como um "caçador", com sua máquina de porte médio, equipada com uma grande angular (lente de visão 'mais aberta'): "Clico várias vezes uma mesma pessoa, o que é um desafio porque a pessoa às vezes está na sua frente e você tem que usar aquele recurso de fazer de conta que está fotografando outra coisa", revela o fotógrafo, uma espécie de paparazzo do anonimato.
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