O princípio básico...

Foi de uma dor de dente na Suíça, em 2006, que surgiu ‘Samba do inglês’, uma das melhores músicas do novo CD do cantor e compositor Escurinho. Foi lá que ele percebeu que o princípio básico – como chama seu novo álbum – é a comunicação.

Terceiro disco solo do músico pernambucano radicado desde os anos 70 na Paraíba, O Princípio Básico (independente, R$ 20,00) será lançado nesta sexta-feira, a partir das 20h30, na sala Vladimir Carvalho da Usina Cultural Energisa, em João Pessoa. No palco – que terá cenário assinado por Giga Brow -, Escurinho estará acompanhado pela banda Labacé e por alguns convidados.

Boa parte do repertório das onze faixas do CD é bem conhecida do público. Cirandas como ‘Sai de casa’ e a citada ‘Samba do inglês’, embora inéditas em disco, já fazem sucesso nos shows. A elas se juntam ‘Não chore não’ (do guitarrista da Labacé, Alex Madureira) e ‘O que é o samba’ (parceria entre Escurinho, Adeildo Vieira e Marcos Fonseca), que foram surgindo ao longo da gravação.

Escurinho segue com sua combinação de rock, ciranda, maracatu e samba, mistura que surge de primeiríssima grandeza em faixas como ‘Sai de casa’, ‘Samba do inglês’ (desde já, uma das melhores músicas de 2013), ‘Não chore não’ (com forte inspiração de Lenine) e ‘Esmeralda’, cantadas com a voz rascante do pernambucano e a força tribal da música do agreste nordestino, que se mudou para o asfalto da cidade grande.

Outro destaque do CD é a única regravação do disco: ‘Camisa Amarela’, o poema do russo Mayakovsky (1893-1930) que Fernando Peixoto traduziu e Milton Dornellas musicou e gravou em Ancestrais (1998), dele e do Quinteto da Paraíba, e é outra velha conhecida do público de Jonas “Escurinho” Neto.

O Princípio Básico teve início como um disco temático que tem a comunicação como o foco de suas letras, como rezam os versos da faixa-título - "O princípio básico é a comunicação! / O tambor ecoando na mata / É princípio de guerra / É mandinga ou diversão" -, assim como ‘Tô na rede’ e ‘Samba do inglês’, além da belíssima capa de João Faissal. “Depois é que a gente foi vendo que um disco temático precisaria de mais estudo, ser mais arrojado”, admite.

O sucessor de Labacé (1995) e Malocage (2003) foi gravado entre janeiro e outubro de 2012, no estúdio Peixe Boi, em João Pessoa. Escurinho diz que levou tanto tempo para gravar porque o orçamento era enxuto, e pingava aos poucos. Parte dos recursos, ele conseguiu através de uma espécie de “crowdfunding”, vendendo, antecipadamente, 250 CDs junto a fãs e amigos.

Arranjos, efeitos e ideias surgiram, também, dentro do estúdio. “Marcelinho (Marcelo Macêdo, co-produtor do disco e dono do Peixe Boi) foi um cara fundamental. Depois de iniciado o processo, se eu não aparecesse com nenhum centavo a mais, o disco seria feito. Ele se envolveu, curtiu, trabalhou muito. Foi o 5º Labacé”, atesta Escurinho.

A masterização (etapa final da gravação) foi feita em Recife, no Malunguinhostudio, com a supervisão de Mário Sérgio (ex-técnico de som de Lenine) e a técnica de Christiano Lemgruber, que tinha acabado de chegar de Nova York (EUA) onde trabalhou em discos de bandas grandes, como Slipknot.

DISCO NOVO
Os fãs de Escurinho não vão precisar esperar mais 8, 10 anos para ouvir um novo trabalho. Aprovado no último edital do FIC Augusto dos Anjos, o disco Ciranda de Maluco já está bem adiantado, segundo ele, e será um disco completamente inédito – com músicas nunca tocadas em show.