CULTURA
Pensionato na Semana de 22
Livro mostra bastidores do projeto de modernização da produção plástica paulistana.
Publicado em 14/02/2012 às 6:30
Na chamada Belle Époque paulistana, começo do século 20, o Pensionato Artístico de São Paulo estava na gênese do projeto modernista.
Liderado de forma paternalista pelo deputado, poeta e mecenas José de Freitas Valle, esse era um programa de concessão de bolsas de estudo na Europa para músicos e artistas - entre eles Victor Brecheret e Anita Malfatti, que foram estudar em Paris.
Essa história está documentada no livro de Márcia Camargos, Entre a Vanguarda e a Tradição (Alameda, 462 págs., R$ 65,00), que descerra os bastidores do projeto de modernização da produção plástica paulistana.
Ela narra a rotina nada luxuosa de Brecheret e Malfatti em Paris, que só comiam bem quando algum mecenas aportava na capital francesa.
Mesmo que Freitas Valle tenha aproveitado sua influência para lotar sua casa de obras desses artistas, o regulamento do pensionato fez com que muitas peças modernas entrassem para acervos públicos no país - entre elas, 12 esculturas de Brecheret que foram expostas na Semana de Arte Moderna de 1922.
"Mesmo que a intenção fosse enquadrar esses jovens em parâmetros acadêmicos, era impossível que eles não bebessem das novas inquietações estéticas em Paris."
Enquanto Brecheret sofria ao tentar digerir as vanguardas, Malfatti tentava retornar à ordem depois de ser devastada pela crítica de Monteiro Lobato a obras de sua primeira fase moderna.
Mas mesmo sua obra mais conservadora ganhava contornos vanguardistas na ebulição da capital francesa. "Havia esse convívio enriquecedor. Tem cartas do Mário para a Anita que perguntam o que ela estava vendo, quais eram as novas exposições", diz a autora. (Da Folhapress)
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