RETRO2020/Regina Duarte não devia ter ido, não soube a hora de sair e foi mandada embora!

RETRO2020/Regina Duarte não devia ter ido, não soube a hora de sair e foi mandada embora!

Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido

Música de Ivan Lins.

Letra de Vítor Martins.

Começar de Novo. Bela canção na voz de Simone.

Tema do seriado Malu Mulher, da Globo.

A produção discutia temas muito adequados ao momento brasileiro, ali no final dos anos 1970.

Regina Duarte fazia Malu.

Atriz e personagem se fundiram.

Parece que Regina, mais do que fazia Malu, era Malu.

Muitos anos mais tarde, desconfiei dessa fusão. Vi um admirador abordando Regina, remetendo-a a Malu, e ela não me pareceu nada à vontade com a associação.

Outros anos se passaram, e lá vem ela desempenhando aquele triste papel na campanha de Serra, derrotado por Lula na eleição de 2002.

Não havia problema com a escolha do candidato. Escolhas são legítimas. E, convenhamos, Serra é um nome normal dentro do jogo político.

O problema estava no seu discurso de difusão do medo num instante em que a vitória de Lula já havia sido assimilada até pelas elites.

A Regina Duarte de 2020 é apoiadora e admiradora de um governo de ultradireita. Iniciou um “noivado” que pode dar em “casamento” se ela realmente se transformar na substituta de Roberto Alvim na Secretaria de Cultura.

A atriz e o presidente se encontraram no Rio.

Ela vai para Brasília fazer um “teste”, situação absolutamente inédita. Dependendo do “teste”, ficará ou não no cargo.

Regina Duarte, para preservar um mínimo de integridade, terá que desarmar algumas bombas deixadas por Alvim.

Sim. Mas como ela vai lidar com o que não é Alvim, mas é a própria visão que o governo Bolsonaro tem da cultura?

O tempo trará as respostas.

Por enquanto, fiquemos com o comentário de Lima Duarte, precisa descrição da cena:

“É Sinhozinho Malta na Presidência e a Viúva Porcina na Cultura”.

*****

O presidente Jair Bolsonaro anunciou que Regina Duarte está deixando a Secretaria Especial de Cultura.

Segundo o presidente, ela vai dirigir a Cinemateca de São Paulo.

A atriz (ou ex-atriz, como foi chamada em reportagem da Globo) assumiu o cargo no início de março.

A passagem de Regina Duarte pela Secretaria de Cultura foi um desastre.

Um desastre anunciado.

Era óbvio que não daria certo.

Deslumbrada, iludida com o governo, mas perfeitamente afinada com as ideias de ultradireita de Bolsonaro, Regina jogou no lixo da história a sua longa trajetória como atriz de televisão, cinema e teatro.

Em menos de três meses, foi duramente criticada pelos seus colegas de profissão e os envergonhou com o silêncio na morte de artistas importantes como Moraes Moreira e Aldir Blanc.

Regina Duarte foi fritada em praça pública pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, mas não teve a dignidade de entregar o cargo.

Pelo contrário, permaneceu e reafirmou seu discurso de extrema direita ao se mostrar nostálgica da ditadura militar e admitir a tortura durante uma entrevista à CNN.

Um final melancólico para aquela que já foi chamada de namoradinha do Brasil.

Da Secretaria de Cultura, já vai tarde!