Será que, na Funjope, Marcus Alves vai dialogar com quem não votou em Cícero Lucena?

Será que, na Funjope, Marcus Alves vai dialogar com quem não votou em Cícero Lucena?

Maurício Burity esteve à frente da Funjope durante os dois mandatos do prefeito Luciano Cartaxo.

Sem ele, talvez não tivéssemos o Festival Internacional de Música Clássica.

Agora em 2020, apoiou Nilvan Ferreira. Minha opinião? Não devia.

Com a eleição de Cícero Lucena, sai Maurício, entra Marcus Alves.

Nas redes sociais, pensando em benefício, gente da cultura aplaude com entusiasmo a escolha como se o aplauso fosse tudo. Não é.

Marcus Alves é jornalista graduado, tem mestrado em Comunicação Social, doutorado em Sociologia. É professor, escritor, poeta. Há pouco, quis entrar para a Academia Paraibana de Letras.

Um currículo notável. Em tese, tanto o credencia ao cargo quanto confirma que o futuro prefeito foi feliz na escolha.

Até 2012, Marcus Alves estava associado ao mundo acadêmico e à sua produção intelectual.

Naquele ano, entrou para a política. Coordenou a campanha vitoriosa de Luciano Cartaxo e foi seu primeiro secretário de Comunicação. Na condição de editor chefe da TV Correio, lidei com ele na campanha e na Secom e guardo a impressão de que lhe faltava habilidade.  Ficou pouco tempo.

Marcus era um cara protegido pelas ideias da academia. Na política, teve que assumir um pragmatismo que parecia não combinar com o seu perfil. Também foi levado a direitizar-se, pelo menos um pouco. E é assim que chega à Funjope.

Ele manterá o Festival Internacional de Música Clássica ou acabará com o evento porque este vem da gestão anterior?

Ele fará renascer o Auto de Deus, criado por Cícero em sua primeira passagem pela prefeitura de João Pessoa?

Ele fará o que com a Casa da Pólvora, que ia tão bem enquanto gerida pelo jornalista Chico Noronha?

Fará isso? Fará aquilo?

O mais importante é uma outra coisa, que está na pergunta do título da coluna.

Governos perseguem artistas e produtores culturais porque destes não receberam apoio em suas campanhas. É um retrato do nosso atraso.

Já vimos gente ficar de fora dos eventos públicos porque não apoiou explicitamente essa ou aquela candidatura. Como vimos gente ser muito beneficiada porque apoiou.

Então é essa a pergunta que deixo para Marcus Alves:

À frente da Funjope, ele vai dialogar com quem não votou em Cícero Lucena?

Mais do que dialogar, ele vai incluir essas pessoas nos eventos da Funjope?

Combinaria com o cara que conheci há muitos anos, quando ainda estava longe de ser atraído pelo jogo político.