Genival Lacerda é argumento eficaz contra os que querem cortar o barato da música popular brasileira

Nesta quinta-feira (07), acordamos com a notícia da morte de Genival Lacerda.

Aos 89 anos, ele teve Covid-19 e estava hospitalizado no Recife há mais de um mês.

Perdemos o artista no momento em que o Brasil contabiliza 200 mil mortos na pandemia do novo coronavírus.

Genival Lacerda é argumento eficaz contra os que querem cortar o barato da música popular brasileira

Seu Vavá dedicou quase 70 anos de sua longa vida à música nordestina.

Suas músicas e suas performances ao vivo representavam com notável autenticidade o que há de alegre e irreverente no espírito do povo nordestino.

Vê-lo no palco, com roupas coloridas e extravagantes, a dançar segurando o barrigão, era impagável.

Sempre achei que Seu Vavá, com seu jeito de cantar e a voz às vezes rouca, tinha algo dos bluesmen americanos. Tive certeza quando gravou a música do radinho de pilha, que é um forró com melodia e harmonia de rock.

Era mestre do forró de duplo sentido. Guiada pelo falso moralismo, muita gente rejeitava e achava vulgares as músicas com letras cheias de malícia, mas, convenhamos, elas são deliciosas e já estão há muito incorporadas à antologia dos ritmos nordestinos.

Genival Lacerda veio de Campina Grande, cidade onde morou o forró. Fazendo o caminho de outros artistas da sua geração, foi para o Recife e mais tarde conquistou dimensão nacional.

É um dos grandes nomes da música nordestina.

E um argumento eficaz contra a caretice dos que querem cortar o barato da música popular brasileira.

Viva seu Vavá!

Viva o forró de duplo sentido!