A Covid-19 mata Otinaldo Lourenço, o homem que revolucionou e reinventou o rádio paraibano

A Covid-19 mata Otinaldo Lourenço, o homem que revolucionou e reinventou o rádio paraibano

Tem uns caras admiráveis, que depois se tornaram meus amigos ou companheiros de redação, que entraram na minha vida através do meu pai.

Linduarte Noronha fora seu professor de geografia. Gonzaga Rodrigues, vizinho no bairro da Torre. Vladimir Carvalho, Natanael Alves e Otinaldo Lourenço, colegas de escola.

Otinaldo, que estava com 86 anos, a Covid-19 levou neste sábado (13), no Dia Mundial do Rádio.

Otinaldo Lourenço de Arruda Melo.

Primeiro, estava nas conversas do meu pai.

Depois, foi a voz que ouvi no rádio.

Mais tarde, meu professor de jornalismo na UFPB.

Por fim, meu colega nos anos iniciais da TV Cabo Branco.

Convivemos cotidianamente na TV.

Eu era editor do jornal noturno e chefe de redação. Ele, entrevistador no Bom Dia Paraíba.

Levara para a televisão muito da sua experiência no rádio.

Fazia incríveis entrevistas, sobretudo as da editoria de política. Mas ia muito bem também de cultura – orgulhoso que era de ter sido o primeiro a tocar no rádio paraibano Chega de Saudade, na voz de João Gilberto.

Adorava a bossa nova, gostava dos Beatles e de Sinatra, era fã de James Bond. O de Sean Connery, claro. “Bond, James Bond” – repetia com a voz grave que conhecemos no rádio.

Monarquista, admirava a família real inglesa e defendia o parlamentarismo para o Brasil.

Era solidário, generoso, amigo, irreverente, divertido. Era uma grande figura e um grande colega de trabalho.

Sem qualquer exagero, sem nenhum favor, posso dizer que, como profissional de imprensa, Otinaldo Lourenço foi o cara que revolucionou e reinventou o rádio paraibano.

Fez isso na Rádio Arapuan, anos 1960 e 1970. Não a Arapuan de João Gregório, mas a de Renato Ribeiro Coutinho.

Mesa de Redação às sete da manhã.

Jornal Sensacional ao meio-dia.

Antena Política às seis e meia da noite.

Dramas e Comédias da Cidade às nove.

Mandando Brasa, programa semanal de entrevistas.

E mais o Plantão Arapuan, aos 30 minutos de cada hora, na voz de Sílvio Carlos.

Tudo isso produzido pela Central de Notícias Dulcídio Moreira.

E tinha ainda o Departamento de Utilidade Pública, que estreitava com pioneirismo o diálogo entre a emissora e seus muitos ouvintes.

Otinaldo no comando da Arapuan. Não tinha pra ninguém. Fui contemporâneo e sei bem, como sabem todos os que testemunharam o que Otinaldo fez pelo rádio paraibano.

Otinaldo Lourenço.

O Galo.

Olam.

Nosso querido Oti.

Muito triste perdê-lo para a Covid-19.