Incendiar estátuas? Vandalizar monumentos? Sou contra. E mais: estão desconstruindo a figura de João Pessoa

Incendiar estátuas? Vandalizar monumentos? Sou contra. E mais: estão desconstruindo a figura de João Pessoa

Nesta segunda-feira (26), faz 91 anos que o presidente João Pessoa foi assassinado, e a Paraíba – não se enganem – continua dividida entre liberais e perrepistas.

O mais curioso é que tem um monte de perrepistas na esquerda. Essa gente ficou com o lado mais atrasado da história.

Ficou com o que havia antes da Revolução de 30, que, bem ou mal, trouxe avanços significativos para o Brasil.

A desconstrução da figura de João Pessoa vai me remeter, por uma via meio torta, ao fogo que puseram na estátua de Borba Gato, sábado em São Paulo, durante a manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro.

Desde muito cedo, fui apresentado à história por dois caminhos muito distintos.

Vou resumir assim: na escola, ouvia as glórias da Revolução de 31 de Março.

Em casa, meu pai dizia: “O que houve foi um golpe militar. Depuseram um presidente eleito e vivemos sob uma ditadura”.

Borba Gato. Volto a ele. Nunca tive a menor admiração por essa figura da nossa história, mas discordo de que ponham fogo em sua estátua.

Esse negócio de destruir monumentos é muito perigoso.

Se começarmos a queimar estátuas, a vandalizar monumentos, ficaremos ao sabor de insanos, de forças que tanto podem ser de esquerda quanto de direita.

E corremos o risco de que obras de arte sejam postas no chão por manifestantes sem a menor ideia do que estão fazendo.

Seremos, assim, levados por “ondas”, nesse país de profunda polarização e tanta ignorância.

A história não pode ser apagada. Contemos a história. Eduquemos as nossas crianças. Mas não com o método que cada governo pensa ser o melhor.

Ontem, foi Lula. Hoje é Bolsonaro. Amanhã, ninguém sabe.

No Ministério da Educação, já foi Haddad. Agora é um pastor, “profundamente evangélico”, se quisermos usar as palavras do presidente para a escolha do ministro do STF.

O melhor caminho?

Sinceramente, não sei qual é.

Não é a minha área.

Não tenho lugar de fala.

Mas sei que não podemos – nem os de esquerda nem os de direita – sair por aí incendiando estátuas, destruindo monumentos.

Não apaguemos o que resta da história de um povo que não conhece a sua história.

E parece muito pouco interessado – e nada estimulado – a conhecer.