Todas, todos e todes que não conheceram os cinemas de rua jamais imaginarão a magia que havia neles

ATENÇÃO: USEI LINGUAGEM NEUTRA NO TÍTULO.

À memória de Luciano e Múcio Wanderley

Nesta quinta-feira (05), João Pessoa faz aniversário.

A cidade completa 436 anos, e eu vou falar um pouco sobre os velhos cinemas de rua da nossa capital.

Temos, atualmente, mais de duas dezenas de salas de exibição, distribuídas em quatro shoppings e no Espaço Cultural.

São bem instaladas, confortáveis, boa qualidade de áudio e vídeo, equipamentos modernos, etc.

Seguem um padrão que as torna muito parecidas, frias, não personalizadas, sem uma assinatura.

Mas não são cinemas de rua e não têm calçada!

Os garotos e garotas que assistem aos filmes com seus celulares ligados não sabem do que estou falando.

Jamais saberão.

E talvez nem precisem saber porque o que estou dizendo aqui é papo de velho.

Mas é memória também.

E memória é importante.

***** 

Há quase 25 anos, numa tarde de domingo, fui ver o que ainda havia dos velhos cinemas de João Pessoa.

No passeio, bastante nostálgico, fui fotografado diante de cada um deles.

Vou postar algumas dessas fotos, não sem antes pedir desculpas ao leitor por estar nelas.

Jaguaribe. Cine Santo Antônio. Meu Cinema Paradiso.

Tinha mais do que calçada. Tinha um pequeno pátio. Foi minha escola de cinema. Na época da foto, era um supermercado.

Hoje, abriga a Casa da Cidadania.

Todas, todos e todes que não conheceram os cinemas de rua jamais imaginarão a magia que havia neles

Jaguaribe. Cine São José.

Ficava no prédio do Círculo Operário. Virou uma oficina de carros.

Todas, todos e todes que não conheceram os cinemas de rua jamais imaginarão a magia que havia neles

Cruz das Armas. Ou: entre Jaguaribe e Cruz das Armas. Cine Bela Vista.

O meu primeiro filme (Cinco Semanas num Balão) foi lá.

Todas, todos e todes que não conheceram os cinemas de rua jamais imaginarão a magia que havia neles

Varadouro. Cine Astória. Na Rua da República de um tempo em que muita gente ainda morava naquela área da cidade.

Não conheci. Fechou em 1964.

Todas, todos e todes que não conheceram os cinemas de rua jamais imaginarão a magia que havia neles

Centro. Cine Rex. Durante anos, foi o cinema mais chique da cidade.

Tinha o porteiro Etelvino.

Prédio lindo, transformado em banco.

Todas, todos e todes que não conheceram os cinemas de rua jamais imaginarão a magia que havia neles

Centro. Cine Plaza. Outra sala chique de João Pessoa. Luxuosa mesmo.

Cinema de grandes estreias.

Na época dessa foto, estava sendo reformado para receber uma loja de sapatos.

Todas, todos e todes que não conheceram os cinemas de rua jamais imaginarão a magia que havia neles

Centro. Cine Municipal.

O último dos grandes cinemas inaugurados nas ruas de João Pessoa.

Era um orgulho dos Wanderley, a família de exibidores.

Abrigou o Cinema de Arte das quintas-feiras.

Todas, todos e todes que não conheceram os cinemas de rua jamais imaginarão a magia que havia neles

No tempo dos cinemas de rua, a gente conhecia o exibidor, o gerente, o bilheteiro, o porteiro, o projecionista, o cara da lanterninha, o funcionário que trocava o letreiro no fim da noite, o fiscal de menores.

Só quem frequentou sabe como era.