Marcelo Queiroga dá o dedo aos manifestantes em Nova York: ministro foi mais real do que o rei

Dormimos com a foto de Jair Bolsonaro e seus ministros comendo pizza na calçada, em Nova York. Claro. O presidente brasileiro, que, nesta terça-feira (21), abre a Assembleia Geral das Nações Unidas, foi impedido de entrar no restaurante porque não está vacinado contra a Covid-19. Bonito pra nossa cara! – como se diz popularmente.

Amanhecemos com o vídeo do ministro da Saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, dando o dedo aos manifestantes que faziam um protesto contra Bolsonaro e comitiva em Nova York. O gesto de Queiroga torna ainda mais vergonhosa a passagem de Bolsonaro por Nova York.

Dias atrás, nos 20 anos do 11 de setembro, vi alguém dizer que o atentado às torres gêmeas fez de Nova York uma cidade ainda maior no que ela já tinha de positivo. Nova York como centro cosmopolita do mundo. Nova York como lugar que acolhe as diferenças e a diversidade. Nova York que, ao entardecer de um domingo, reúne meio milhão de pessoas no Central Park para ouvir as canções de Simon & Garfunkel.

O que vimos nas imagens que culminam com o gesto obsceno do ministro Marcelo Queiroga foi o seguinte: uma van cheia de bárbaros que governam o mais importante país da América do Sul e manifestantes que fazem seu protesto como em qualquer grande democracia do mundo.

O ministro da Saúde – logo o da Saúde, o que, no Brasil, responde pelas ações de combate à pandemia do novo coronavírus, um dos temas da Assembleia da ONU- sai do seu controle e, de pé, estira o dedo médio para os manifestantes. O gesto não carece de tradução. Todos conhecem, aqui e lá.

Marcelo Queiroga, um médico que nós, os paraibanos, tínhamos como respeitado cardiologista, se mostra ao mundo como um homem despreparado para a democracia. E escolhe logo a cidade de Nova York como palco para a exibição do seu despreparo. Demonstra também a estatura de quem, ao menos nesse episódio, quer ser mais real do que o rei.