Laika morreu. Era um amor de cachorrinha

Laika morreu. Era um amor de cachorrinha

A “mãe”, minha mulher, dizia: “Beijo na mãe!”. E Laika enchia o rosto dela de lambidas. Em seguida, dizia: “Beijo no pai!”. E a cachorrinha, nem aí, olhava para mim, mas não lambia o meu rosto. A cena se repetiu incontáveis vezes, sempre com o mesmo resultado. O negócio dela era com a “mãe”, embora não resistisse ao chamado do “pai” para receber massagens no seu focinho.

Laika, uma beagle de nove anos e meio que passou oito anos e três meses conosco, se foi nesta quinta-feira (16), consumida velozmente pela metástase pulmonar de um câncer de mama. Seu nome veio da cadelinha astronauta, aquela que os soviéticos puseram em órbita no início da corrida espacial. Eles testavam as condições de colocar seres vivos no espaço, e Laika foi cobaia em um desses testes. Morreu durante o voo.

A nossa Laika foi adotada quando tinha um ano e meio. Foi a quinta integrante da nossa matilha de beagles, os “beagles amados”, como foram batizados. Antes dela, três já se foram. A única sobrevivente, a Gorda Rafa, depois de várias cirurgias, está a caminho dos 13 anos.

Laika era a caçula. Um amor de cachorrinha. Adorava nossa cama. Dormia nela desde que quisesse. Invadia meu travesseiro. Ocupava o travesseiro da “mãe”. Mas tudo lhe era de direito na visão dos “pais” permissivos que teve. Esses pets são uma grande experiência humana, me disse certa vez o professor Chico Viana. Sim. Por que, então, tirar deles esses prazeres? As suas vidas são tão curtas.

Os cães são extraordinários companheiros. Os cães humanizam os seres humanos. Com os cães, é amor incondicional. São clichês. Mas como são verdadeiros. Vivemos essa experiência intensa com cada um que passa pelas nossas vidas. A vida deles ao nosso lado nos enche de alegria. A morte deles nos enche de tristeza. É o que temos agora com a ausência de Laika.