Siga Datafolha e Ipec, mas não compare os números dos dois institutos. É erro primário

Nos meus 20 anos de TV Cabo Branco (1986/2006), na condição de chefe de redação e editor de telejornal, acompanhei de perto as campanhas eleitorais. Os debates e as pesquisas eram os momentos mais atraentes do nosso trabalho. Atraentes, mas envolviam muitas tensões, muitos desgastes. Quero me deter nas pesquisas.

Só quem estava bem posicionado respeitava os números. Quem não estava, tratava de desqualificá-los. Geralmente, invocando um erro histórico que, de fato, o Ibope cometeu – e reconheceu – no primeiro turno da eleição de 1990, aquela em que Ronaldo Cunha Lima derrotou Wilson Braga no segundo turno.

Pesquisas compradas por A ou por B, números manipulados para favorecer este ou aquele candidato – os argumentos usados para desqualificar são tão ridículos quanto absurdos. Curioso é que quem está mal esquece que, numa outra eleição, já esteve bem, e que as pesquisas registraram fielmente seu bom desempenho.

Na atual campanha (Foto/Reprodução), temos muitos institutos fazendo pesquisas. Não adianta enlouquecer com tanto número. O mais sensato é acompanhar os resultados oferecidos por dois institutos: o Datafolha e o Ipec (antigo Ibope). Por um motivo muito simples: porque são os mais confiáveis. Não vão atender a interesses dos candidatos.

O Datafolha já conquistou o seu espaço no terreno em que atua. E, em matéria de pesquisa eleitoral, vem de longe com uma marca de credibilidade. O Ipec é um instituto novo, mas reúne gente muito competente que trabalhou para o Ibope, sob o comando de Márcia Cavallari, que sabe tudo de pesquisa.

Nos últimos dias, o Datafolha e o Ipec divulgaram números da sucessão presidencial e também da disputa pelo governo de alguns estados. O resumo é que Lula se mantém favorito e Bolsonaro cresceu um pouco. Sigo os dois institutos, mas lembro sempre que não podemos comparar números de institutos diferentes. É erro primário.