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SILVIO OSIAS

50 anos do Jornal da Paraíba: um depoimento pessoal

Publicado em: 05/09/2021 às 10:36 Atualizada em 05/09/2021 às 11:24

O Jornal da Paraíba está fazendo 50 anos neste domingo, cinco de setembro. É uma data importante, a ser comemorada por toda a equipe, e eu, convidado pelo editor do jornal, me faço presente com este depoimento. Um depoimento absolutamente pessoal, cujo tema é de minha escolha, não me foi sugerido por ninguém. E um depoimento bem verdadeiro, no qual tanto podem caber coisas boas quanto coisas ruins.

>> Veja a página especial dos 50 anos do Jornal da Paraíba

Meus 20 anos de TV Cabo Branco levaram muita gente a achar que eu não tinha nenhuma relação com o impresso, mas minha formação jornalística foi no impresso, sobretudo em A União da virada dos anos 1970 para os 1980. Tanto que muitos ficaram surpresos com os textos sobre música popular que publiquei no Jornal da Paraíba da virada do século. Textos brilhantemente ilustrados com as caricaturas de William Medeiros.

Compilados, os textos viraram um livro: Meio Bossa Nova, Meio Rock'n' Roll, com minhas crônicas musicais ilustradas por William Medeiros e com texto de apresentação escrito generosamente por Gilberto Gil. Lançar o livro em 2001 foi uma experiência muito prazerosa, mas, hoje, duas décadas mais tarde, minha autocrítica (é sempre bom tê-la) aponta para coisas que talvez eu não mais escrevesse. Normal. Livro é assim mesmo.

No início dos anos 2000, quando o jornal se expandiu e se transformou num belo projeto de caráter estadual, acompanhei muito de perto as mudanças e assinei uma coluna com três textos semanais. Cultura. Música e cinema, sobretudo. Mas já um pouco de política. Críticas às vezes duras ao presidente Lula, em quem eu havia votado, mas não tinha obrigação alguma de aplaudir tudo o que o PT fazia em sua chegada ao poder.


				
					50 anos do Jornal da Paraíba: um depoimento pessoal

Para não ficar só nas coisas boas, sem menção a nomes, acho importante registrar que sofri vetos permanentes da garotada da área de cultura. Arroubos da juventude? Inveja? Medo? Quem sabe? Só sei que, entre o veto puro e simples e algumas flexibilizações, fui duramente alijado do caderno de cultura do jornal, o que muito me entristecia porque a editoria cultural sempre foi a das minhas maiores afinidades na minha trajetória.

Em 2016, quando o jornal migrou do impresso para o online, fui convidado a assinar uma coluna diária que mantenho há pouco mais de cinco anos. Naturalmente, me foi oferecida a área de cultura, mas, também muito naturalmente, diante da realidade brasileira dos últimos anos, passei a escrever sobre política. E seguindo o que recomenda a Folha de S. Paulo: colunistas expressam livremente suas opiniões políticas e até seus votos.

Fecho, então, com um registro que, talvez, por seu estilo muito discreto, não seja do agrado do empresário Eduardo Carlos, acionista responsável pelos veículos da Rede Paraíba de Comunicação. Mas farei. Durante cinco anos, nunca ouvi uma queixa de Eduardo, nunca recebi dele nenhuma orientação para escrever sobre algo que mexesse com a minha liberdade. Sempre escrevi sobre o que quis e jamais sofri censura alguma da sua parte.

Fui jornalista muito jovem ainda na ditadura, fui jornalista no Brasil redemocratizado, fui jornalista na transição desta para aquela, tenho 62 anos, publico, assinando desde os 15, e sei o quanto é importante fazer opinião sem ser submetido a censura. O Brasil de 2021 (ou 2022) pede um jornalismo opinativo corajoso de defesa da democracia, da Constituição, do STF, do Congresso. E eu pretendo fazer a minha parte.

Salve o Jornal da Paraíba em seus 50 anos!

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Silvio Osias

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