SILVIO OSIAS
Beatles são superiores a Rolling Stones, mas a gente ama os dois
Publicado em 18/04/2020 às 10:18 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:36
Os Beatles são melhores dos que os Rolling Stones?
Ou os Rolling Stones são melhores do que os Beatles?
Há discussão mais anacrônica e cafona do que esta?
É provável que não, mas ela está de volta.
Agora, por causa de uma entrevista de Paul McCartney.
Se não entendi mal, Paul quis dizer que os Stones trabalharam muito em cima de um formato - os blues dos negros americanos - enquanto os Beatles buscaram outros caminhos musicais.
Claro que, na entrevista, McCartney reconhece a imensa qualidade dos Stones - o extraordinário talento de Mick como front man, as guitarras de Keith e Ronnie, a grande performance ao vivo.
Eu acho que Paul está certíssimo.
Do ponto de vista da invenção musical, os Beatles são, sim, melhores do que os Rolling Stones, contribuíram mais, influenciaram mais, foram mais criativos e ousados, marcaram mais o nosso tempo, inclusive em temas (comportamento, moda, religião, política, arte de vanguarda) que ultrapassam as fronteiras do próprio negócio deles, a música.
Os Rolling Stones são outra coisa. Música simples, por vezes suja, embora muito bem executada. Rock and roll que eles produziram de modo visceral em estúdio, quando eram jovens. E que, mais tarde, e até hoje!, transportaram para os palcos com uma força que ninguém mais tem.
Os Beatles são melhores do que os Rolling Stones?
Ou os Rolling Stones são melhores dos que os Beatles?
Sempre considerei tolo o debate, mas ele existe desde quando houve a invasão britânica à América, em 1964.
Ter dado preferência aos Beatles, acreditando na superioridade musical deles, nunca me impediu de gostar imensamente e enxergar todos os méritos dos Rolling Stones.
Amemos os dois.
Não há contraindicação.
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