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SILVIO OSIAS

Jair Bolsonaro a cavalo, fora de si, e meio milhão de infectados

Publicado em 01/06/2020 às 9:13 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:36

Entramos em junho nesta segunda-feira.

Se 1968 foi o ano que não terminou, 2020 poderá ser o ano que não houve.

Mas aguardemos.

Os dois últimos dias de maio nos reservaram duas cenas estarrecedoras.

A primeira, no sábado à noite, foi protagonizada pelo grupo 300 do Brasil.

Em Brasília, seus integrantes, em número muito menor do que 300, marcharam em direção ao Supremo Tribunal Federal, cujo fechamento defendem.

Usavam máscaras e empunhavam tochas.

A marcha deles, por remeter aos nazistas e aos supremacistas brancos dos Estados Unidos, é incompatível com o Estado Democrático de Direito e ponto final.

Também em Brasília, a segunda cena, na manhã do domingo, teve como ator principal o presidente Jair Bolsonaro.

Ele foi ao encontro dos manifestantes que, explicitamente, pediam ditadura militar com o fechamento do Supremo e do Congresso Nacional.

Montado num cavalo, Bolsonaro estava "fora de si", como muito bem definiu a jornalista Vera Magalhães, usando uma rede social.

O comportamento do presidente também é incompatível com o Estado Democrático de Direito.

Mas tivemos também notícias boas.

Da esquerda à direita, passando pelo centro, muita gente aderiu ao movimento Estamos Juntos, assinando um manifesto que evoca até a campanha das Diretas Já.

"Vamos Juntos sonhar e fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho de ser brasileiro" - diz o texto assinado tanto por Fernando Haddad quanto por Fernando Henrique Cardoso.

Ao mesmo tempo, centenas de juristas de campos ideológicos distintos assinaram e publicaram nos jornais o manifesto Basta!, contra os ataques de Bolsonaro à democracia.

E, por fim, em posicionamento tão forte quanto necessário, o ministro Celso de Mello, decano do STF, enviou mensagem a seus colegas dizendo que os bolsonaristas querem implantar uma desprezível e abjeta ditadura militar.

"É preciso resistir à destruição da ordem democrática" - disse o ministro.

Bolsonaro e apoiadores de um lado, o campo democrático do outro, tentando esboçar alguma reação.

No meio de tudo, a péssima notícia que fechou o mês de maio:

O novo coronavírus já infectou meio milhão de brasileiros.

A covid-19 já matou quase 30 mil.

Imagem ilustrativa da imagem Jair Bolsonaro a cavalo, fora de si, e meio milhão de infectados

Silvio Osias

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