Teatro Íracles Pires celebra 27 anos

Professor de História da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), José Antônio de Albuquerque ainda se lembra quando, no lugar onde hoje se ergue o palco do Teatro Íracles Pires, os alunos fugidos do Grupo Escolar Monsenhor João Milanez se reuniam para 'bater uma bolinha'.

"O lugar era um terreno meio abandonado que a gente usava como campinho de futebol", conta Albuquerque, um dos cajazeirenses que viram o 'ICA' , hoje com 27 anos, nascer das janelas do grupo escolar, o mais antigo do município.

"O teatro foi uma reivindicação minha e da classe artística de Cajazeiras, representada por nomes como Ubiratan de Assis e Gutemberg Cardoso", garante o historiador, que também comanda um programa de rádio e um jornal que circula há 14 anos na maior cidade da microrregião do Alto Piranhas.

Cajazeiras, 'a terra que ensinou a Paraíba a ler' (fama conquistada pela revolução educacional iniciada pelo seu filho dileto, o Padre Inácio de Sousa Rolim), está em festa: de hoje a domingo, o Íracles Pires recebe uma programação cultural com exposições, lançamentos de livro, shows musicais, oficinas de arte e, claro, espetáculos teatrais (leia o box ao lado).

Berço de duas grandes atrizes paraibanas, Marcélia Cartaxo e Soia Lira, o Íracles Pires foi batizado, segundo José Antônio de Albuquerque, com o nome de outra ilustre representante das artes cênicas.

"Íracles Pires era uma atriz, poetisa e jornalista da alta sociedade daqui. Ela dirigiu muitas peças na cidade e faleceu voltando de uma viagem do Rio de Janeiro, onde ia com frequência com seu marido, um médico, acompanhar as novidades teatrais de lá", lembra o historiador.

Atual diretor do teatro, Orlando Maia ressaltou a importância do espaço no fomento da cena teatral cajazeirense. "Vários grupos teatrais de Cajazeiras surgiram na esteira da trajetória do Íracles Pires, a exemplo das companhias Proscênio e Balacobaco, além da Frente de Emergência Teatral, que ensaiam no 'ICA' durante a semana", afirma Maia, que prevê para este ano uma reforma para a casa.

"Provavelmente a reforma começa em abril deste ano.

Aumentaremos o palco e o auditório, ampliando a capacidade de 166 lugares para 240. Haverá modificações também no sistema de refrigeração e a construção de três salas de ensaio voltadas não só para atividades teatrais como de dança e música".

A expectativa é que, futuramente, o Íracles Pires possa se tornar um anexo à Casa de Cultura de Cajazeiras, projeto ainda em estudo.