CULTURA
Tributo com sangue azul
Embalado por um samba-jazz de primeira, 'Samba Dobrado: Canções de Djavan', da baiana Rosa Passos, homenageia o músico alagoano.
Publicado em 28/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:54
Prestigiadíssima lá fora, com carreira em palcos nobres de jazz, a baiana Rosa Passos se debruça sobre o cancioneiro de Djavan em belo tributo ao mestre alagoano. Samba Dobrado: Canções de Djavan (Universal Music, R$ 27,90) reúne 12 músicas do homenageado mais uma canção dela para ele (‘Doce menestrel’), embaladas por um samba-jazz de primeira.
Rosa é íntima do repertório. Canta Djavan desde seus primeiros discos, como Curare (1991), no qual emplacou ‘Sim ou não’, e é figura fácil em songbooks e coletâneas dedicadas ao cantor e compositor.
Morando em Brasília há 39 anos, onde criou os filhos e, hoje, os netos, Rosa Passos conta ao JORNAL DA PARAÍBA que Samba Dobrado é um projeto em que ela entrou de cabeça reunindo suas três facetas artísticas: a intérprete, a instrumentista e a compositora.
“Eu sempre tive o desejo de, no momento certo, poder fazer um tributo a Djavan pelo fato de ter uma afinidade muito grande com a obra dele, como compositora, e de ter o maior carinho (pela obra) como intérprete”, comenta a cantora, por telefone.
Como intérprete, ela dá voz a um repertório de lados A e B da carreira de Djavan e escolheu as músicas pautadas pelos desafios que elas sugerem. Sucessos como ‘Linha do equador’, ‘Cigano’, ‘Pétala’ vão sendo emparelhadas com músicas menos conhecidas, pinçadas do fundo do baú do cancioneiro de Djavan, como ‘Lei’, 'Para-raio' e a própria ‘Samba dobrado’, que dá nome ao CD.
Para acompanhá-la, um time seguro de músicos experientes, sob a tutela do violonista Lula Galvão, parceiro de palco e estúdio da cantora há mais de 30 anos, que assina a direção musical do álbum e os arranjos das faixas sob a supervisão atenta de Rosa Passos.
“Eu gravo ao vivo com meus músicos”, revela. “Gosto daquela coisa de tá todo mundo junto ali, gravando a base juntos. Eu acho que assim fica mais bonito, mais caloroso, mais quente.
Aprendi isso com as cantoras de jazz. As grandes divas gravavam assim: Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Nancy Wilson... que são as minhas referências”.
Como instrumentista, Rosa faz um número solo no disco, cantando e tocando violão em ‘Pétala’, uma das músicas mais conhecidas de Djavan. Como compositora, escreveu a sutil ‘Doce menestrel’, em parceria com Fernando de Oliveira.
“A coisa mais importante pra mim é saber que ele gostou da homenagem, afinal esse disco foi feito com muito respeito, muito carinho”, comenta. A resposta de Djavan está impressa no encarte do CD: “A música de Rosa é nobre, íntegra, sangue azul, forjada muito longe...” diz o começo do texto que o homenageado assina.
TURNÊ
Entre outubro e novembro, a turnê de lançamento de Samba Dobrado chega ao Nordeste. Ela, que é mais requisitada no exterior que no Brasil, comenta que tem muita vontade de se apresentar na Paraíba. “Nunca fiz um show aí em João Pessoa”, lamenta. “Este ano eu vou a algumas cidades do Nordeste e gostaria muito de encaixar João Pessoa”, avisa. Tomara!
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