Marcas paraibanas crescem apostando ‘tudo na qualidade’

Marcas regionais ganharam a preferência dos consumidores locais e algumas delas até na região Nordeste, mesmo concorrendo com marcas nacionais e até multinacionais.

Do Jornal da Paraíba
Por Jean Gregório

O que há em comum entre as empresas Lebom, São Braz, Empadinhas Barnabé, Casitus, BomTodo, Volúpia e Ísis? Além de paraibanas, essas marcas regionais ganharam a preferência dos consumidores locais e algumas delas até na região Nordeste, mesmo concorrendo com marcas nacionais e até multinacionais.

Elas fidelizaram os clientes não mais pelo preço competitivo, mas com foco na qualidade do produto, por isso não param de crescer, de receberem prêmios, de conquistarem cada vez mais espaço nas gôndolas dos supermercados e, principalmente, guardarem uma imagem positiva no ato da escolha da compra.

“Na prática, essas empresas fazem parte da Paraíba que dá certo”, define o presidente da Associação de Supermercados da Paraíba (ASPB), Cícero Bernardo da Silva, um defensor quando o assunto são marcas regionais genuinamente paraibanas. “Elas não deixam nada a desejar às líderes nacionais do segmento em termos de qualidade e muitas vezes ganham no preço. Não é à toa que o consumo e o espaço crescem dos minimercados aos hipermercados”, avalia Silva, ao acrescentar que elas vêm ocupando não apenas as prateleiras dos cerca de 250 supermercados filiados à ASPB, mas também às centenas de estabelecimentos de revenda que estão espalhados nos 223 municípios do Estado, sem incluir os Estados do Nordeste.

A coordenadora de Pesquisas Especiais da Nielsen, Ana Carolina Franceschi, afirma que o surgimento de marcas regionais tem sido cada vez mais rápido nos últimos anos e no Nordeste não é diferente. “A gente percebe que não há uma concentração das marcas regionais em um determinado público. É verdade que há uma tendência menor nas compras pelas classes A e B das marcas regionais, mas em volume de vendas a predominância delas continua sendo as classes C e D, com quase 70% do total. No Nordeste, incluindo a Paraíba, mais de um terço das marcas locais têm produtos pelo menos de 10% mais caras que as nacionais, quebrando aquele estigma de que as marcas regionais são mais baratas, mas nem por isso perderam mercado”, revela a pesquisadora.

Pesquisas de mercado mostram que com uma estrutura de custos menor e estratégias de mar-keting adaptadas ao regionalismo, essas marcas tornaram-se referência em seus mercados. Outros fatores como a decisão estratégica das grandes redes de supermercados de preservar os fornecedores locais ao expandir para fora do Sudeste e a ascensão das classes de menor renda explicam o avanço das marcas regionais.

Mas foi com a estabilização econômica do Plano Real em 1994 que domou a inflação voraz, elevando o poder aquisitivo das classes populares e fez surgir o fenômeno da classe C, atualmente a maior classe social do Estado e do país que as marcas ganharam espaço.

“Essa forte demanda por consumo de alimentos trouxe oportunidades para o surgimento de novas empresas, preenchendo os nichos de mercado enquanto outras já tradicionais regionais como a São Braz diversificaram os seus produtos e também cresceram na preferência dos consumidores”, avalia o economista Antônio Felinto, do Sebrae Paraíba, ao considerar que “é extremamente importante” que essas marcas paraibanas estejam avançando no mercado regional, pois elas quebram alguns estigmas no imaginário da população e também de empresários mais céticos de que é possível uma marca paraibana seja também bem-sucedida.