Conta de luz deve ficar 12,5 % mais cara na região de Campina Grande

Concessionária da Borborema pediu o índice à Aneel. Decisão sairá no dia 31 de janeiro.

Os consumidores de energia elétrica de Campina Grande e mais cinco cidades da região do Compartimento da Borborema poderão ter de desembolsar bem mais dinheiro no momento de pagar a conta de energia, a partir de fevereiro. É que a concessionária de Energisa Borborema solicitou, junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), um reajuste de 12,58% na tarifa. O aumento será também estendido para 165 mil unidades consumidoras atendidas pela empresa.

Segundo a assessoria de imprensa da agência, a reunião do conselho da Aneel que irá avaliar o pleito da Energisa Borborema está marcada para a próxima terça-feira, 31 de janeiro. O índice definido pela Aneel já começa valer a partir do dia 4 de fevereiro para os consumidores localizados em Campina Grande, Queimadas, Boa Vista, Lagoa Seca, Fagundes e Massaranduba.

Apesar do índice não estar definido, o anúncio do reajuste já provocou preocupações para consumidores e representantes de setores da economia na Borborema. Para eles, o aumento de mais de 12% é abusivo e significará crescimento dos custos para as empresas.

“É mais um item que aumenta no orçamento do consumidor, deixando para o comércio uma parte menor de seus investimentos.

A realidade é pior nos shoppings que têm um consumo de energia elevado. Esse tipo de aumento sempre é ruim para o comércio”, explicou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campina Grande, empresário Tito Motta.

Já para a indústria, a alta da tarifa provocaria um efeito ainda maior.

O presidente da Federação das Indústrias da Paraíba (Fiep-PB), Buega Gadelha, considerou que “não se pode conceber um aumento dessa natureza. É um abuso”. Segundo ele, o setor têxtil paraibano será o principal afetado com o reajuste e os produtos fabricados aqui no Estado podem ficar mais caros.

“Isso para um país que quer conter a inflação não pode acontecer. Não se pode dar aumentos acima da inflação. Um reajuste atinge todos os setores. Não há qualquer setor que fique imune. Eu não acredito que a Aneel vai conceder um crescimento dessa natureza”, criticou Gadelha.

Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), um dos componentes que servem de base para a correção da energia, desacelerou no acumulado de 2011, fechando com alta de 5,10% contra 11,32%, em 2010, segundo levantamento da FGV.

O cálculo que define o índice da tarifa é complexo e de difícil compreensão para a maioria dos consumidores. De acordo com a Aneel, os índices de reajuste são calculados levando com conta a variação de custos que a empresa registrou no período (compra de energia e encargos, desperdício) e os custos de distribuição, sobre os quais incide o IGP-M e o Fator X, que é calculado com base na produtividade das concessionárias, que deve ser aplicada no cálculo do reajuste da tarifa.

“Vamos trabalhar no sentido contrário desse aumento. É uma questão de direito nosso. A inflação é de 6,5%. Nós já temos uma das energias mais caras do país e não se concebe mais aumento dessa magnitude”, declarou Gadelha.

A assessoria de imprensa da Energisa Borborema informou, porém, que a posição da empresa é a de aguardar a decisão da Aneel, a quem cabe definir o novo índice de reajuste.