Seca eleva faturamento de empresas de fora

Enquanto agricultores e pecuaristas lamentam perdas, empresas que fornecem ração faturam mais por falta de pasto no campo.

Causando prejuízos a milhares de famílias de paraibanos, a seca, que atinge principalmente as regiões do Sertão e do Cariri do Estado, também tem gerado lucros para empresários que têm empreeendimentos instalados em outras unidades da federação.

Enquanto agricultores e pecuaristas da Paraíba lamentam as perdas que ainda não foram totalmente contabilizadas, empresas que fornecem artigos como ração, por exemplo, já estão faturando mais por falta de pasto para os animais no campo.

Como o Estado praticamente não dispõe mais de matéria-prima para a produção da ração, boa parte do insumo para a alimentação dos animais na Paraíba está vindo de outros estados e os maiores lucros ficam com as empresas produtoras.

“Não somos produtores de soja nem de outras culturas, que são utilizadas para a produção de ração. Já a outra opção, que é o milho, neste ano a produção está com perda de 100% exatamente por causa da estiagem. Praticamente toda a ração que está sendo vendida na Paraíba está vindo de outros Estados e com isto quem está ganhando dinheiro é somente o pessoal de fora”, comentou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba.

Entre os Estados que mais estão vendendo o produto para alimentação animal na Paraíba estão os localizados no Centro-Oeste do país. “A maior parte da ração que está sendo vendida na Paraíba está sendo fabricada no Centro-Oeste. O milho para a alimentação dos animais, por exemplo, temos recebido do Mato Grosso”, acrescentou.

Alguns pequenos revendedores comentam que estão recebendo também produtos fabricados na Bahia e em Pernambuco, mas neste caso a oferta é menor, já que os dois estados também sofrem com os efeitos da estiagem. O comerciante José Martins, que possui uma loja de ração no município de Queimadas, no Agreste do Estado, comentou que ainda está conseguindo comprar ração de Estados nordestinos, mas comentou que a escassez de matéria-prima nas fábricas está ocasionando o aumento dos preços. “Hoje meus principais fornecedores são da Bahia e de Pernambuco, mas está havendo também problemas de falta de matéria-prima por lá”, comentou.

Na Paraíba, as fábricas que estão conseguindo produzir o insumo também sofrem com a baixa oferta e os comerciantes que optam por fazer encomendas no Estado também estão precisando alavancar o preço do produto.

“A ração que ainda vendemos aqui é praticamente toda fabricada na Paraíba, mas nosso problema é a falta de oferta. Os produtos já estão escassos nos fabricantes locais, por isto não estamos conseguindo atender à demanda”, relatou o comerciante Kival Pereira Júnior, proprietário de um estabelecimento de venda de rações em Patos, no Sertão do Estado.

Além dos fabricantes de ração de outros Estados, Mário Borba acredita que agricultores que plantam em áreas irrigadas no Ceará e no Rio Grande do Norte também entram para a lista dos que estão conseguindo faturar mais por causa da seca, que atinge principalmente o Sertão e o Cariri do Estado, considerada a pior dos últimos 30 anos.

“No São João, não vai faltar milho na Paraíba, mas o que chegar aqui vai ser muito caro. Como a safra de milho na Paraíba foi praticamente toda perdida, muita gente não plantou e quem plantou perdeu tudo. O milho que está sendo vendido nas feiras livres e o que vai ser vendido em junho deverá vir de áreas que possuem projeto de irrigação, como no Ceará e Rio Grande do Norte, onde os agricultores aproveitaram para plantar mais, sabendo da demanda por causa da estiagem”, afirmou o presidente da Faepa.