Cosibra tem 99% da receita nas exportações

Companhia é destaque na taxa de crescimento das vendas internacionais  paraibanas este ano.

Com quase 100% do faturamento oriundo das exportações, a Companhia Sisal do Brasil (Cosibra) é destaque na taxa de crescimento das vendas internacionais paraibanas este ano.

Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio (Mdic), a Cosibra apresentou uma alta aparente de 393,78% entre as comercializações de janeiro a agosto deste ano (US$ 1,591 milhão) em comparação com os mesmos meses de 2011 (US$ 322,271 mil) com a produção de fio agrícola de sisal.

O índice, porém, é explicado pela diretora administrativa da indústria, Amélia Marques, como um reflexo da utilização do Porto de Cabedelo para escoamento da mercadoria e não de um aumento real nas vendas. “No ano passado, a Cosibra exportou mais fortemente por Pernambuco, mas voltamos a utilizar o porto paraibano neste ano. Na realidade, a quantidade de vendas se manteve no mesmo patamar, mas não posso deixar de dizer que o mercado internacional tem se tornado cada vez mais atrativo, com uma procura por nossos produtos bem maior do que dentro do Brasil”, disse.

A possibilidade de alcançar mercados mais amplos e a crescente demanda por produtos genuinamente brasileiros têm impulsionado a busca de empresas paraibanas por clientes no exterior, como é o caso da Cosibra. O crescimento no número de vendas internacionais a partir da Paraíba tem sido uma das metas da atual gestão da Companhia das Docas da Paraíba.

“O número de empresas exportando vem crescendo, mas ainda precisa melhorar, pois o foco do Nordeste sempre costumou ser no mercado nacional. As tarifas para exportação no Porto reduziram em 50%, como uma forma incentivar essa atividade e já percebemos que isso vem acontecendo. A Cosibra foi uma das empresas que percebeu que poderia ter melhores condições de armazenagem, mão de obra e custos de embarque até 30% menores do que em outros portos”, comentou o presidente das Docas, Wilbur Holmes Jácome, que afirma ver essa tendência claramente no Porto de Cabedelo.

Atingindo os mercados dos Estados Unidos e da Europa, a Cosibra trabalha há 53 anos na Paraíba com a produção de fio agrícola de sisal (Baler Twine) e de tapete de sisal. A empresa chega a vender 450 mil fardos por ano para os Estados Unidos e 1,3 mil para o mercado europeu.

“Nosso carro-chefe é o baler Twine, que é um barbante usado para amarrar fardo de feno. Os clientes fazem o pedido completo do ano de uma só vez, no início da safra, mas o envio da carga costuma se intensificar entre setembro e dezembro, pois é o melhor período para eles. Já contratamos 60 novos empregados para este final de ano”, revelou Amélia Marques, acrescentando que, atualmente, a Cosibra tem cerca de 380 funcionários.

Apesar das vendas já estarem garantidas até o final de 2012, a preocupação da diretora da indústria é de que haja uma redução nas comercializações no próximo ano, devido às dificuldades que os compradores americanos vêm enfrentando nos últimos tempos. “Estamos receosos com a safra de 2013 por causa da seca dos Estados Unidos. Até agora não fomos afetados, até porque trabalhamos em um setor que não oscila tanto, mas existe essa possibilidade para o ano que vem”, acrescentou.

A estiagem que assola o Nordeste este ano também é apontada pela diretora como um dos fatores que vêm atrapalhando a produção de sisal. Segundo Amélia, apenas 20% da matéria-prima utilizada no processo de produção da Cosibra vem da Paraíba. “A Bahia é o nosso principal fornecedor e, ainda assim, é um estado que vem sendo muito afetado pela seca. O problema daqui é mais pela falta de mão de obra disposta a trabalhar no campo. Existe o risco até de não produzirmos no começo do ano, retomando apenas em julho”, ressaltou.

No momento, a Paraíba é o segundo estado brasileiro que mais produz sisal, tendo sido líder há cerca de 30 anos. A Bahia segue à frente, responsável por 95% do sisal brasileiro. Com uma produção anual de cerca de 250 mil toneladas, o Brasil é o maior exportador de sisal do mundo.